Fúlvio está sentado ao balcão do bar, olhando para seu copo de uísque. As várias pedras de gelo dançam enquanto o líquido se mexe.
Fúlvio está sozinho.
Atrás dele, pessoas passam.
Ele se lembra da última vez que esteve ali.
Conversava com Eva – a garota de preto.
– O Axl é um nojento! – dizia ela, toda extrovertida, se referindo ao dono do Guns N’ Roses – Aquela dancinha dele era a coisa mais gay que eu já vi. Você sabia que ele parou o próprio show para brigar com um fã?
Fúlvio ria.
– Esse era o jeito do cara. Foi assim que a banda se tornou conhecida. O Axl sempre foi— o Axl. – ele dizia.
– E ele e o Kurt se odiavam. – ela dizia.
– Pelo que eu soube… – ele, calmamente, mantém a conversa – …o Axl era fã de Kurt. O convidou para uma turnê juntos, além de tocar em sua festa de aniversário. Mas o Kurt odiava o modus vivendi de Axl.
– Somos dois, então. – ela falava e ria.
Então a música começou a tocar. Era um show de Heavy Metal.
Logo, estavam entrelaçados, em beijos e abraços.
Não antes de Fúlvio perceber que haviam outros interessados na garota de preto. Mas ela não olhava pra ninguém.
Uma espécie de compromisso silencioso a mantinha por perto.
Como se fossem um casal juntos há muito tempo.
Fúlvio apenas relaxou e deixou o barco correr.
Ao fim do show, ambos seguem suas vidas.
– Nos veremos de novo? – ele pergunta.
– É uma possibilidade. – ela responde.
Silenciosamente, o casal se afasta.
Fúlvio volta para o presente.
“Será que ela vai aparecer?” é a pergunta que mais lhe derruba os cabelos.
De repente, um “Oi”diferente faz seu coração disparar.
Ele olha e lá está a garota de preto, sorridente, e ofegante, parecendo sofrer do mesmo mal do rapaz:
a saudade.
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