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  • Foto do escritorVagner Francisco

A GAROTA DE PRETO


Fúlvio está sentado ao balcão do bar, olhando para seu copo de uísque. As várias pedras de gelo dançam enquanto o líquido se mexe.

Fúlvio está sozinho.

Atrás dele, pessoas passam.

Ele se lembra da última vez que esteve ali.

Conversava com Eva – a garota de preto.

 – O Axl é um nojento! – dizia ela, toda extrovertida, se referindo ao dono do Guns N’ Roses – Aquela dancinha dele era a coisa mais gay que eu já vi. Você sabia que ele parou o próprio show para brigar com um fã?

Fúlvio ria.

 – Esse era o jeito do cara. Foi assim que a banda se tornou conhecida. O Axl sempre foi— o Axl. – ele dizia.

 – E ele e o Kurt se odiavam. – ela dizia.

 – Pelo que eu soube… – ele, calmamente, mantém a conversa – …o Axl era fã de Kurt. O convidou para uma turnê juntos, além de tocar em sua festa de aniversário. Mas o Kurt odiava o modus vivendi de Axl.

 – Somos dois, então. – ela falava e ria.

Então a música começou a tocar. Era um show de Heavy Metal.

Logo, estavam entrelaçados, em beijos e abraços.

Não antes de Fúlvio perceber que haviam outros interessados na garota de preto. Mas ela não olhava pra ninguém.

Uma espécie de compromisso silencioso a mantinha por perto.

Como se fossem um casal juntos há muito tempo.

Fúlvio apenas relaxou e deixou o barco correr.

Ao fim do show, ambos seguem suas vidas.

 – Nos veremos de novo? – ele pergunta.

 – É uma possibilidade. – ela responde.

Silenciosamente, o casal se afasta.


Fúlvio volta para o presente.

“Será que ela vai aparecer?” é a pergunta que mais lhe derruba os cabelos.

De repente, um “Oi”diferente faz seu coração disparar.

Ele olha e lá está a garota de preto, sorridente, e ofegante, parecendo sofrer do mesmo mal do rapaz:

a saudade.

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