Esses dias tentei abrir uma conta no banco. Uma caderneta de poupança, na Caixa. Na verdade, já venho tentando há duas semanas. O primeiro dia foi bem interessante. Fui até o banco, com meus documentos pessoais e uma graninha para o primeiro depósito. Lá chegando, descubro que devido ao baixo número de funcionários no setor(???) – um estava de férias, sobrando apenas outro para isso – eu teria que preencher um requerimento e aguardar o contato do banco. Pedi certa urgência porque precisaria da conta devido a questões de trabalho. A atendente disse que solicitaria um \”tratamento especial\”, e na segunda de manhã, me ligariam. Ligaram. Na quarta-feira. Fui na sexta, então. Ainda assim, confiante de que teria minha conta aberta. Mas… Qual não foi minha surpresa ao descobrir que: Primeiro, minha conta não fora aberta. Segundo, o nome da minha mãe, no meu cadastro da receita federal, estava errado. Pombas!
Tenho CPF desde 1991 e venho regularizando minha documentação – juntamente com endereço desde sempre – e nunca [eu disse nunca!] alguém me alertou para \”consertar\” o nome de minha mãe no sistema. E olha que, de 2000 para cá, eu tive contas em vários bancos – Real, Itaú, HSBC, Itaú de novo, Bradesco – além de financiamento na própria Caixa – dois inclusive. Incrível que \”isso\” nunca foi empecilho pra nada. E agora vem a pior parte. Paguei R$ 5,70 para alterarem algo que, acredito, não tenha sido um erro meu. De quem foi, francamente, não sei, mas quem pagou a conta fui eu. Agora pense comigo: quantos milhões de brasileiros têm CPF? Uma centena de milhões? Imagine então que metade disso possa vir a ter \”problemas\” no cadastro… Sim, 50 milhões de pessoas pagando R$5,70. Quanto daria? Isso mesmo, módicos 285 milhões de reais para os cofres do governo.
E para que? Simplesmente fazer uma alteração de nome num sistema, como qualquer usuário de Excel faria de olhos bem fechados. E você não consegue discutir com funcionários dessas instituições. Ora te tratam como idiota – \”ah, mas agora você tem comprovante de que está tudo certo\” – ora nem te respondem – \”é, tá errado o nome\”. E eu ainda continuei cavando, dizendo que todo ano preenchia o formulário de atualização cadastral e tals… Mas nada. A resposta era \”ah, mas eles não conferem isso…\” Ora, se eles [os funcionários da Receita, no caso] não conferem meus dados, que culpa tenho eu? Mas o bendito do sistema não permite que eu abra uma conta sem que \”atualize\” o nome da minha mãe. E mesmo tendo uma fila imensa atrás de mim, eu ainda continuei na luta. Se um sistema não erra, pois ele é perfeito, por questão de eliminação, quem erra sou eu, certo? Alguém que botou o nome de minha mãe lá, de forma equivocada, um anônimo, que nunca será localizado, cujo sistema – \”nunca erra\” e pode ser alterado sem maiores problemas – não pode ser responsabilizado por isso.
Mas eu tenho que pagar. Mesmo que eu nem chegue perto do teclado de nenhuma instituição governamental. Porque \”o sistema não permite\” de outra forma. Sim. Sim. Nós somos reféns de uma máquina. E eles se escondem atrás dessa máquina. E o que parecia uma simples abertura de conta, tornou-se uma épica batalha dos 300 Espartanos contra um Xerxes virtual, invisível e corporativista. E o governo deveria nos proteger. Nós, cidadãos. Ou não?
Comments