
Fazia um tempo que eu queria ver o filme do Morbius, principalmente pelas críticas tão agressivas.
Sim, o visual do personagem parecia tosco no trailer, mas também havia um charme vampiresco - e nesse caso o ator foi uma escolha acertada para o papel; muito melhor que o Coringa por exemplo.
Aliás, a Sony, com o seu Aranhaverso, fez várias escolhas acertadas de elenco, fugindo do óbvio.
Começou com Tom Hardy e Michelle Williams em Venom e agora, Leto e Adria Arjona, em Morbius.
A Marvel por exemplo fica no óbvio e repete elencos com atores/atrizes que sequer entregam qualquer coisa.
Sei que o que vou escrever aqui já é "música ouvida por ouvidos cansados" mas ainda é verdade: Chris Evans foi uma escolha no mínimo equivocada para um Capitão América que nunca atingiu todo o seu potencial - e eu não me espantaria se esse patamar subisse agora com Anthony Mackie encabeçando o elenco do quarto filme que ganhou o subtítulo de New World Order - Nova Ordem Mundial, para os fracassados que sequer conseguem traduzir um título via Google. E, juntando com Dr. Estranho 2 inteiro, podemos ver a Marvel sendo a assessoria de imprensa do Anticristo [estou apenas comentando].
Voltando a Evans, que nunca foi um grande talento, ele sempre fez o esforço de se afastar do personagem, repetindo insistentemente que não queria ficar no personagem. Conseguiu.

E também houve a situação de Gemma Chan que havia encarnado a Minerva em Capitã Marvel e depois voltou como Sersi, encabeçando o elenco de Eternos.
Nada contra a atriz, mas ela não entrega nada que possa embasar essa escolha.
Se a Marvel observasse melhor, poderia ter encontrado Adria Arjona antes da Sony e aí sim teríamos um Sersi melhor, mais bonita e com mais talento. Enfim---
Voltemos a Morbius: no filme, o quase nobelizado Michael Morbius luta como cruzada de vida pela cura de uma doença degenerativa que afeta o sangue de algumas pessoas no mundo. Morbius é criativamente genial e por isso consegue se destacar mesmo com todas as adversidades da vida.
Porém, determinado a encontrar uma cura para si e para outros, inclusive um amigo de orfanato, chamado Lucien, que patrocina suas pesquisas, Morbius vai até aos confins do mundo para isso.
E pesquisando o dna de morcegos, ele acredita que pode ter encontrado a solução para seus problemas.
De fato, ele encontra: sai de um Morbius sem forças para um pujante homem ereto.
Porém, há o preço: ele sente uma irresistível sede de sangue; gutural sede de sangue. O doutor consegue se manter longe de sangue humano graças a tecidos sanguíneos artificiais, mas o tempo de saciedade diminui de acordo com o consumo.
Para piorar, Lucien, sabe dos testes de Morbius e torna-se determinado a se tornar cobaia também.
E se Morbius teme pela sede de sangue, Lucien a abraça, não se importando com as consequência, cujo objetivo é simplesmente sair daquela situação de quase morte.

É possível compreender as motivações de cada um, inclusive da doutora Martine, que se mostra apaixonada por Morbius o tempo todo e tenta mantê-lo "ético" a todo custo.
Claro, ela não consegue.
O filme tem diversas falhas e talvez, com um roteiro melhor e sem uma fórmula [é basicamente um "ctrl+C, ctrl+V" de Venom] já experimentada, poderia ter um resultado melhor.
Você deve saber que Morbius quase foi vilão de Blade 2, lá atrás, no início do século. Faria todo o sentido. O que não faria sentido era Blade enfrentar um Blade renegado, cheio de vícios.
E é isso o que a Sony vem entregando. O que falta é criatividade.
Um Morbius enfrentando um caçador de vampiros moderno teria muito mais punch que um Morbius 2.0.
Alias, o filme cita Drácula e brinca com Entrevista com o Vampiro.
O que não faz sentido algum: as duas cenas pós-créditos, estreladas por Abutre.
O que interessa a Morbius caçar um menino chamado Homem-Aranha?
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Já Os Pequenos Vestígios é Denzel Washington contra Jared Leto, com Rami Malek saindo do caminho.
É um filme feito para Denzel brilhar, já que ele interpreta o policial meio que aposentado que nada tem a ver com um crime, mas acaba arrastado pelo evento; assim ficamos sabendo um pouco mais do personagem. E o que vemos não é nada bom.
Leto desaparece no papel de um consertador de televisores que pode estar envolvido no assassinato de garotas na cidade.
E esses assassinatos que já aconteciam há anos nunca foram elucidados.
Já Malek é a estrela da polícia, o detetive novato e cheio de gás que chegou para substituir o fracassado personagem de Washington.
E quando eles se juntam para encontrar o serial killer, há energia ali.

O problema: é que as pistas chegam até ao personagem de Leto, mas ele pode ser apenas um curioso, um fã de crimes e mistérios que nunca matou ninguém.
E nesse ponto, o que menos importa é o roteiro, porque quando você põe Washington e Leto numa sala, a única saída para Malek é mesmo sair do caminho, porque o combate de talentos ali é de outro nível.
Leto desaparece em cena, em favor ao personagem que rouba o filme para si.
Se em Morbius, Leto tenta ser o "doutor galã", aqui ele quer apenas ser o grotesco e desagradável consertador de eletrodomésticos se divertindo com tudo o que está acontecendo e pouco se importando com as consequências.

Os Pequenos Vestígios peca no final, tem uma direção pouco inspirada e resoluções bastante óbvias.
Mas, com um elenco como esse, seria difícil passar incólume.
Quanto a Malek, se continuar nesse ritmo, seu prestígio desaparecerá em breve, pois não consegue repetir as interpretações inspiradas de Mr. Robot.
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