Confesso que esse filme é especial e acredito que não mereça nenhum deles.
Assim como Robert Zemeckis e Bob Gale fizeram com a trilogia De Volta para o Futuro, onde, enquanto eles estiverem vivos, não haverá sequência ou reboot, o mesmo eu penso de Fogo contra Fogo, filmaço definitivo que mostra dois personagens maiores que a vida disputando o próprio lado de seus objetivos, criando, inclusive um respeito mútuo nunca antes visto nos cinemas.
Al Pacino interpreta o destemido policial, Vincent Hanna, que lidera um time de detetives em busca de assaltantes de um carro-forte, que acabaram matando os seguranças no processo.
Esses assaltantes são o grupo de Neil McCauley, interpretado por Robert De Niro. Claro que as coisas saíram do controle e um novato na quadrilha, Waingro, interpretado por Kevin Gage, é o catalisador de toda essa caçada.
E mais interessante ainda, acaba sendo involuntariamente o catalisador do confronto final entre McCauley e Hanna.
Sim, há a cena do café, onde ambos se encontram até de certa forma relaxados. Hanna, sabendo quem McCauley é, o convida para um café e é como se dissesse "olha, eu sei quem você é e irei pará-lo". McCauley responde algo como "pode vir, mas esteja preparado para a minha reação".
Esse é o ponto alto do filme, onde o que resta é aguardar pelo grand finale, que vem.
E termina.
Então, por que uma sequência? Por que um Fogo contra Fogo 2?
Porque o diretor/roteirista e criador disso tudo quer.
Michael Mann havia concebido Fogo contra Fogo em 1989, cujo nome era Aconteceu em Los Angeles, ou L. A. Takedown, e Vincent Hanna já estava lá - dessa vez interpretado por Scott Plank - assim como o Weingro.
Reconcebeu tudo e um filme para a TV se tornou um hit que entrou para a história, além de ser copiado descaradamente por diretores menores, como Christopher Nolan, em Cavaleiro das Trevas.
Mann reconhece que gostaria de fazer uma prequel, centrada num jovem Hanna - e Al Pacino já confessou que quer ver Timothée Chalamet no papel - com uma certa presença "espiritual" de um ladrão misterioso chamado McCauley.
Se o filme acontecerá, é cedo para dizer, mas o livro que conta essas histórias, já aconteceu e deve ser lançado em 2022.
Acredito que, lá por 2000, 2005, um Fogo contra Fogo faria bastante sentido: Al Pacino havia trabalhado novamente com Mann, em O Informante, e Val Kilmer estava com a carreira começando a arrefecer, após fracassos como Planeta Vermelho.
Aliás, a sequência de Fogo contra Fogo poderia ser um retorno de Chris Shiherlis, personagem de Kilmer, especialista em explosivos e logística, com pavio curtíssimo e atolado até ao pescoço em dívidas e problemas matrimoniais; pupilo de McCauley, Chris poderia ir para o tudo ou nada, e um confronto com um envelhecido Hanna e talvez um parceiro novato deste - alguém como Colin Farrell ou Jamie Foxx - seria a senha para Los Angeles voltar a pegar fogo.
Agora, com Pacino no alto de seus 82 anos, o personagem de De Niro morto e Val Kilmer sem condição alguma de retomar a carreira, um Fogo contra Fogo sequer faz sentido.
E um reboot, do que já foi reboot? Também não.
Aguardemos por essas crônicas de Vincent Hanna e torçamos para que ele encare um vilão dos bons.
Comments