Parece que o passado voltou para assombrar um dos mais famosos quadrinhistas do mundo.
Criador de Elektra, Sin City e Martha Washington, de Give Me Liberty, Miller que revolucionou os quadrinhos estadunidenses ao aproximá-los dos mangas, seja nas HQs do Demolidor – com ninjas e clãs – seja em Ronin, de certa forma, uma obra incompreendida em que o passado e o futuro se encontram, agora se viu desconvidado de um evento de quadrinhistas profissionais da Grã-Bretanha: Thought Bubble.
E tudo por causa de um de seus piores trabalhos: Holy Terror, de 2011.
Segundo o Bleeding Cool, a escritora e editora Zainab Akhtar, de origem muçulmana, que também havia sido convidada para o evento – além de participar, ela também levaria as publicações de sua editora, Shortbox – decidiu renunciar à sua ida em protesto pelo convite a Frank Miller que, segundo ela, “[...] é responsável pela propagação do ódio anti-muçulmano abominável, particularmente através de seu trabalho.”
Mesmo com a não-ida de Akhtar – que havia participado de forma online em 2020 - o convite a Miller foi retirado, e agora nenhum deles estará na Convenção, em novembro próximo.
Sobre o assunto, Miller disse que também não se sente orgulhoso de Holy Terror, mas era o seu sentimento no momento – pós 11 de setembro – e geralmente suas HQS refletem aquilo que ele sente no momento. Disse que não poderia começar a queimar suas próprias páginas, no entanto, não seria capaz de repetir um Holy Terror.
Realmente, Miller foi um dos autores mais influenciados pelos eventos trágicos de 11 de setembro. Inicialmente, o autor havia concebido o roteiro de Holy Terror como uma HQ do Batman; porém, quando a DC se deu conta do quão polêmica a história seria, abortou o projeto. Não satisfeito, Miller levou sua Graphic Novel para a Legendary Comics e mudou o protagonista: sai Batman, entra Fixer.
O enredo é basicamente uma carnificina do Fixer para cima da Al-Qaeda e qualquer muçulmano que passasse pela frente. Além de ser uma HQ muito ruim, o resultado foi um fiasco e pegou muito mal para um autor até então muito respeitado.
Aliás, se há dois momentos muito baixos em sua carreira, um é esse; o outro, é o filme que deveria ser uma homenagem a Will Eisner, mas virou autoparódia: The Spirit.
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