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JACK KIRBY O CRIADOR DE DEUSES – RESENHA

Foto do escritor: Vagner FranciscoVagner Francisco


Jack Kirby – O Criador de Deuses – Editora Noir

Comprei o livro escrito por Roberto Guedes há uns anos. Como estava trabalhando num ritmo intenso – e havia outros livros na fila – só agora eu consegui ler o livro que mergulha na vida do “Rei” dos quadrinhos e supostamente o põe em seu devido lugar no panteão das hqs.

Digo supostamente porque, o protagonista seja Jack Kirby, por diversos momentos ele se torna coadjuvante de sua história – principalmente quando Stan Lee entra em cena. Por exemplo, em determinado momento o autor relata que Stan Lee se queixava a seus interlocutores [não há precisão se Kirby estava entre eles] que o dono da editora, Martin Goodman, lhe tratava mal; muitas vezes, sem motivo aparente. E umas das causas prováveis poderia ser a inveja. Faz sentido: Lee era o cara quente da Marvel e Goodman, apenas o dono, enriquecendo, mas um anônimo diante do público. No entanto, Goodman nunca foi conhecido por tratar bem as pessoas, principalmente os artistas, inclusive cooptou Kirby num acordo de cessão dos direitos do Capitão América, prometendo-lhe um valor em dinheiro caso o artista dissesse isso em juízo, num processo movido por Joe Simon, outro criador do Capitão. No final das contas Goodman e Simon se entenderam e Kirby não recebeu o valor prometido e tampouco obteve os direitos do personagem.

Sendo assim, que diferença faz, para os leitores da história de Jack Kirby, se Martin Goodman tratava mal o seu subordinado direto?

Excetuando essas passagens, Guedes consegue mapear a vida de Kirby com riqueza de detalhes, desde os anos 1920 até sua morte, em fevereiro de 1994.



Kirby se interessou por quadrinhos graças às tiras dominicais dos jornais; inclusive seu primeiro emprego se deu como vendedor de jornais, o que lhe acarretou duas coisas positivas: ele ganhava dinheiro – sua família era bastante pobre – e lia as tiras de graça. O interesse passou para a prática e logo o artista estava empenhado em vender artes e charges para os jornais.

Logo depois, passou pelos estúdios Fleischer, que produziam desenhos animados de Popeye e Betty Boop – e décadas mais tarde, Super-Homem.

Porém, uma mudança de endereço do estúdio fez Jack se demitir – animação não era muito o que ele queria.

O primeiro estúdio de quadrinhos em que Kirby botou os pés era de ninguém menos que Will Eisner. Kirby inclusive o respeitava muito pois o via como um profissional completo.

Jack sempre desenhou em profusão, pois em suas palavras “não dava para ficar cozinhando o galo” e esse aspecto tornou-se um máxima em sua vida. O rei desenhava uma média de cinco páginas por dia!

Quando conheceu Joe Simon, que viria a ser o parceiro que lhe traria uma virada na carreira, Jack tratou de se tornar free-lance em tempo integral. Com Simon, veio a criação de Capitão América, para a Timely Comics, de Martin Goodman. Simon foi contratado para ser o editor – e Kirby foi junto. No acervo da editora ainda haviam Namor, O Príncipe Submarino e Tocha Humana.

As coisas acabaram se degringolando e a dupla foi demitida por Goodman, que botou o primo de sua mulher, um menino chamado Stan Lee no lugar de Simon como editor.

Fora da Timely, Simon e Kirby criaram outro personagem bandeiroso: Fighting American, porém sem o mesmo sucesso do Capitão.

As coisas melhoraram quando eles foram para a DC e ficaram um bom par de anos por lá – e isso é tão interessante que a dupla conseguiu montar a própria editora.

O grande dificultador dos quadrinhos naquela época foi o famigerado livro Sedução do Inocente, que sugeria uma manipulação de valores para os jovens leitores de quadrinhos – por exemplo, ideologias homossexualistas [relação Batman e Robin; um adulto provedor e um jovem órfão, como seu protegido], comunistas e assim por diante.

Muitas editoras fecharam e gráficas foram à falência, além de distribuidoras. A Timely, cujo nome passou para Atlas sofreu com isso e se viu obrigada a recorrer à concorrente, DC, para distribuir suas revistas.

Esse tour de force fez com que a parceria entre Kirby e Simon desfizesse a parceria – a essa altura do campeonato, eles eram vizinhos.

Enquanto Joe Simon voltou para um ramo que já conhecia – a publicidade – Kirby foi atrás de emprego e bateu na porta da Atlas.

Três anos depois, ele e Lee estavam colhendo frutos com a revista mais vendida do mercado: Quarteto Fantástico.

Se você não conhece nenhum desses detalhes, leia o livro de Guedes; é uma leitura muito agradável e de fácil entendimento.

Caso você já conheça, saiba que no livro há capas, tiras e ilustrações de época.

Para mim, o único porém fica no fato de que, fã declarado de Stan Lee, Guedes tenha botado Kirby em segundo plano quando seu ídolo está presente. E até questiona os questionamentos acerca da genialidade de Lee.

Sim, Lee foi um grande roteirista; com diálogos incomparáveis. Porém, ele trabalhava no método Marvel – bolava uma trama e cabia aos desenhistas desenvolver isso em 18 páginas. Quem escreve, sabe que isso é muito fácil; difícil mesmo é destrinchar um roteiro e torná-lo crível, legível e empolgante.

Quando se põe as genialidades numa balança, é muito se resolver: quantos personagens Stan Lee sabidamente criou sozinho? Quais personagens Lee criou antes ou depois de Kirby?

E quanto a Kirby? Você conhece ao menos dois universos criados exclusivamente por Kirby: Novos Deuses e Eternos.

De qualquer maneira, excetuando alguns detalhes, Roberto Guedes estabelece muito bem o universo vivido por Kirby e expõe a realidade vivida pelo Rei – que ficava constrangido quando era assim chamado, e tem motivação por isso.

Longa vida ao Rei!

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