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MÊS DELAS | CONHEÇA HQS ESCRITAS E OU PRODUZIDAS POR MULHERES

Foto do escritor: Vagner FranciscoVagner Francisco

Ann Nocenti, o invasor Chris Claremont, e Louise Simonson

8 de março foi o Dia Internacional da Mulher e, embora tenhamos muito tempo ainda para repararmos as injustiças acometidas contras elas durante toda a história, podemos também fazer homenagens às donas dos nossos corações - seja nossas mães, irmãs, esposas, filhas, vizinhas, colegas ou amigas.


Frequentemente as mulheres quebram barreiras, seja com atitudes, seja se embrenhando em campos [até então] predominantemente masculinos.


Para você ter uma ideia, as revistas em quadrinhos foram criadas para meninos - e depois começaram a migrar temas cujo público-alvo eram as meninas.


Grosso modo, como a Mattel fez com He-Man e She-Ra; criou-se uma série animada com o príncipe de Etérnia mirando os garotos e, após o sucesso, apontaram para as meninas [o erro ali foi que não havia nenhuma mulher para dizer o que era interessante ou não, do ponto de vista feminino; há um documentário na Netflix que mostra exatamente isso. Aí­ você pode dizer então que foi tudo uma hipocrisia. E, sim, do ponto de vista ideológico, foi; mas não do mercadológico, que é o que dá as cartas!


E, nesse sentido, o atualí­ssimo Pânico 6 fez a mesma coisa: enquanto a trama mostra os personagens masculinos entrando mudos e saindo calados e apenas as mulheres tomam as decisões, nos bastidores a estrela da cinessérie, Neve Campbell, não recebeu o mesmo tratamento; ficou de fora do filme porque quiseram lhe pagar um salário de Paquito. Aí também, não dá, né, A24?!].


Mas, voltando ao que interessa, mesmo tendo quadrinhos para meninos e outros para meninas, houve aquelas que se embrenharam nas HQs dos marmanjos e criaram obras muito respeitadas e marcantes.


Nesses post - e em vindouros, vamos apresentar algumas sagas quadrinhí­sticas escritas e/ou produzidas por mulheres que marcaram a história e falar um pouco sobre suas histórias:


Ann Nocenti

Nascida em janeiro de 1957, Ann Annie Nocenti começou a se embrenhar no mundo dos quadrinhos ao responder a um anúncio para vaga de editor-assistente do lendário, Denny O'neil. Uma das maiores qualidades de Ann é o seu talento e isso ficou muito claro de forma rápida: ela se tornou editora da revista mais vendida da Marvel, substituindo ninguém menos que Louise Simonson - de quem falaremos mais abaixo - e conseguindo ajudar a criar um ponto de ruptura nunca antes visto numa HQ. Estou falando de X-Men. Ou melhor, Uncanny X-Men, à  época.


Foi com a ajuda de Ann Nocenti que Chris Caremont conseguiu planejar toda a interminável saga Massacre de Mutantes - que engloba também a perda dos poderes da Tempestade, a caçada e julgamento de Magneto, a entrada de Rachel Summers, a então Fênix e finaliza em Queda dos Mutantes quando eles são dados como mortos e, com isso surge o Excalibur.


Mas falemos de Ann Nocenti, a escritora; criadora de personagens e mente criativa por trás de sagas que se aprofundaram no imaginário popular dos fãs das HQs:

Demolidor - Ann recebe a ingrata tarefa de substituir ninguém menos que Frank Miller no término de seu A Queda de Murdock, embora ela própria não pareceu se intimidar por isso. Foi lá, reconcebeu todo o panteão de personagens coadjuvantes, criou a vilã que se tornaria a pedra na bota do Homem Sem Medo durante toda a passagem da escritora: Mary Tiphoyd! Numa relação de literalmente amor e ódio, Matt Murdock se envolve com Mary, uma mulher doce e frágil que, nas sombras dá lugar a Tiphoyd, uma louca determinada a matar o Demolidor. É muito interessante o ponto de vista de Ann quando, após uma luta contra Tiphoyd, Demolidor diz que precisa tomar um banho para tirar do corpo o cheiro de Tiphoyd, mas ao mesmo tempo seu alter ego está transando com o alter ego da moça.


Como você pode ver, Ann escreve de uma forma bem diferente dos outros autores, numa pegada muito mais urbana, mundana e criminal.

Longshot, a criação máxima de Ann Nocenti, no traço do co-criador, Arthur Adams.

Longshot, o mutante sortudo da Marvel, mostra a chegada de um rapaz com quatro dedos em cada mão e muito bonito à  nossa realidade após fugir do que ficou conhecido a posteriori como Mojoverso. Espiral, a vilã dançarina e superpoderosa que caça Longshot pelas dimensões a serviço de Mojo - algo como se o Faustão fosse louco, dono da Rede Globo e se tornasse o presidente do Brasil, tudo de uma vez! Longshot é muito ágil e leve, o que lhe confere uma vantagem sobre seus oponentes. Com a beleza, Longshot também consegue ter um forte apelo perante às mulheres e pelo menos três X-Women se interessaram por ele: Vampira, que o superou após se apaixonar por Magneto; Kitty Pryde, a ShadowCat que, num momento bastante difí­cil com seus poderes, tenta beijá-lo. E, por último, Cristal, que até onde eu soube, casou-se com ele. Confesso a você que gosto mesmo é do Longshot da Ann Nocenti! A versão de Chris Claremont, considero boba e até mesmo de segunda linha; e outros roteiristas que vieram a escrever o personagem, o estragaram.


Após muitos anos na Marvel, Ann foi para a DC para trabalhar no selo VERTIGO: Kid Eternidade, que inclusive foi publicado no Brasil, era um rapaz que conseguia convocar personagens históricos para ajudá-lo em suas desventuras.


Seu mais recente trabalho com HQs chama-se Seeds e foi publicado até 2021 pela Dark Horse.


Há um fato, digamos curioso, na história de Ann Nocenti, que foi relatado no livro Marvel Comics - A História Secreta: Ann se tornou editora da revista New Mutants e considerava a arte do então desenhista do tí­tulo, Sal Buscema, tradicional demais para uma equipe de adolescentes. Ela então foi até ele e falou de forma simples e direta que o trabalho dele não estava à  altura do título. Sal, obviamente, ficou muito chateado. Mas, como estava desenhando também a revista do Hulk, tratou de concentrar suas forças todas no tí­tulo do verdão, entregando as melhores páginas de sua carreira. Ann entendeu o recado, mas ela queria outro tipo de artista, como Bill Sienkievicz, que acabou por substituir Sal e, a pedido da editora [a Ann e não a Marvel], foi entregando cada vez mais páginas que fugiam do lugar comum. Se você leu a saga do Urso-Demônio, sabe do que estou falando.


Nesse link, você encontra uma lista completa do trabalho de Ann e mais algumas informações sobre essa excelente roteirista.


Barbara Randall / Barbara Kesel

São a mesma pessoa; Barbara começou na indústria com o sobrenome de solteira, Randall; casou-se com Karl Kesel e recentemente se divorciou, voltando a usar o Randall.


Barbara debutou nos quadrinhos quando enviou uma carta ao então editor-chefe da DC Comics, Dick Giordano, de certa forma cobrando posicionamentos sobre as personagens femininas. Giordano então a convidou a trabalhar como editora-assistente na empresa.


De assistente, foi promovida a editora em diversos tí­tulos e fez sua avant-premiére na revista da Batgirl, em 1988.


Logo depois, se casou com Karl Kesel e, juntos reconceberam uma dupla de personagens obscuros que sequer tinham relevância até então: Rapina e Columba. Hank e Donald Hall eram dois irmãos, diferentes em tudo, competiam por tudo e pensavam de modo completamente díspare. Ambos foram agraciados com poderes de seres superiores chamados Lordes da Ordem e do Caos e, com isso, teriam a tarefa de se entenderem e se complementarem, tais como o Yin-Yang. Infelizmente, Don - o Columba - acabou morrendo na Crise das Infinitas Terras. E Hank - o Rapina - nunca mais foi visto.


Barbara e Karl trataram de criar uma nova Columba e resgatar a dupla. O mais interessante disso tudo: se como irmãos, Columba era o oposto de Rapina, agora a nova personagem era literalmente a antítese dele. E, posso lhe dizer com tranquilidade: as histórias eram deliciosas. Barbara e Karl criaram novos personagens de apoio, com tanta humanidade e senso de humor, vistos apenas vinte anos antes em Homem-Aranha! Talvez em Nova, mas é difí­cil ter certeza.


Em determinado momento, Hank quer saber quem é a mulher que tomou o lugar de seu irmão. Ele vê isso como absurdo, um desrespeito à memória de Don. Então, ele pergunta a uma de suas novas amigas: "Donna, seu cabelo é verdadeiro?" Donna manda de volta: "E o seu cérebro, Hank? É verdadeiro?".


Embora Rapina e Columba tenha sido escrita a quatro mãos, é de Barbara a tarefa de desenvolver os personagens e também é ela quem continua como roteirista quando seu então marido deixa o tí­tulo. E é fácil perceber a diferença na escrita de cada um.


Além desse tí­tulo, Barbara escreve por um bom tempo os quadrinhos de Dungeons & Dragons na própria DC, e depois ruma para a Dark Horse para roteirizar Star Wars e Aliens, e atuar como editora.


Nos anos 2000, uma editora chamada Crossgen movimentou o mercado, contratando muita gente famosa e criando um novo universo. Barbara foi uma das convidadas a participar da brincadeira e criou a revista Meridian para a editora, e roteirizou Sigil, Solus e The First.


Barbara continua na ativa, trabalhando com quadrinhos e também tecnologia; ela trabalha para a Startup Urus Entertainment, que promete criar uma reviravolta das HQs muito em breve. Aguardemos!


Louise Simonson

Criadora de Quarteto Futuro/Power Pack ao lado de outra mulher, June Brigman.

Criadora do ameaçador arquivilão, Apocalipse - o mutante da Marvel; o da DC se chama Doomsday. Também reformulou Os Novos Mutantes, pavimentando o caminho para a X-Force.

Também reformulou totalmente o rumo da vida de Warren Worthington III, o mutante conhecido como Anjo: deu-lhe asas metálicas, possibilidade de atirá-las como se fossem lâminas e uma personalidade mais sombria. Curiosamente, essa mudança mostrou algo que parecia impossível: Anjo conseguiu vencer Wolverine numa luta.


Infelizmente, para o personagem, nem tudo foi legal e veio Scott Lobdell com suas ideias furadas e resgatou as asas de "papelão" do personagem - algo que Chris Claremont mezzo que consertou anos depois, dando a elas uma espécie de afiação, para que o personagem pudesse ao menos ser digno de entrar numa briga.

Louise Simonson, que nem sempre se chamou assim; antes seu nome era Louise Jones e virou Simonson quando se casou com o artista e também roteirista, Walter.


Louise participou dos melhores anos de X-Men, seja pela qualidade do trabalho, seja pelo lado financeiro. Ela foi editora nas Sagas de Fênix e Fênix Negra e depois assumiu tí­tulos parceiros X, substituindo o próprio Chris Claremont, criador dos Novos Mutantes em New Mutants e Bob Layton em X-Factor. Em ambos os tí­tulos, Louise foi sumariamente ejetada de sua função, quando o editor-chefe na época, Bob Harras queria dar mais liberdade para os jovens talentos - dí­namos de vendas, Rob Liefeld e Whilce Portaccio, respectivamente.


Liefeld, curiosamente trouxe Cable para a revista a contragosto de Louise, pois a escritora não considerava a ideia de adolescentes terem um Exterminador do Futuro como mentor. Ela acabou perdendo a queda de braço.


Porém, se você imagina que Louise perdeu com sua saída dos títulos X e, consequentemente da própria editora, engana-se: ela migrou para a concorrência e criou, juntamente com o desenhista Jon Bogdanove o título Superman - The Man of Steel. Ou seja, ela ganhou um titulo para si e ficou quase uma década por lá. Louise participou diretamente os arcos da morte do personagem e seu retorno tempos depois; também criou um Super substituto, chamado Steel - conhecido como Aço no Brasil - aproveitando o título Man of Steel.


Louise também escreveu, a quatro mãos, com seu marido, Walter, a saga estrelada por Wolverine e Destrutor, Fusão. Escreveu também um oneshot chamado A Morte de Galactus.

Além de diversos livros que expandiam o universo Marvel para além das HQs.


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