…ou MEUS ANOS DE AREIA HOSTIL 4
Falar sobre minha saída da Areia Hostil é lembrar de situações que aparecem sem que as tenhamos programado.
O que eu mais aprendi ao entrar num grupo de artistas, voltado para uma publicação é que manter uma revista é como manter uma banda de rock.
É ideal que todos se gostem para que a sinergia aconteça da melhor maneira possível.
Claro, sempre haverão os insatisfeitos. Mas é preciso manter a todos unidos por um todo.
Se pegarmos o Guns N Roses por exemplo; enquanto a banda se mantinha original, com os amigos de escola, da rua, do tráfico de drogas e mulheres [sim, alguns deles eram cafetões], a banda produziu seus melhores álbuns.
Quando começou a dança das cadeiras e o foco de insatisfeitos aumentou demais… a banda praticamente se acabou.
Hoje, ela é mais um cover do Guns do que o próprio Guns.
Muita gente diz que a banda se dissipou porque seu vocalista, Axl Rose, exigiu que todos assinassem um acordo dando a ele plenos direitos sobre a banda e o nome dela.
Outras histórias se dão porque o baterista original Steve Adler foi demitido, o que gerou insatisfação em Izzy Stradler, justamente o cara de quem todos gostavam, além de ser excelente guitarrista e fantástico compositor – Don’t Cry está aí para eu não mentir sozinho.
Enfim, a Areia Hostil meio que foi uma banda de rock pra mim.
E chegou um momento em que ela ficou bastante famosa. E muita gente nova apareceu.
E o espaço começou a ser diluído entre tantos artistas.
Claro, o Ozi, Law ou eu nunca perdemos nosso espaço. Estávamos garantidos. Mas eu meio que sentia que meu tempo havia passado ali.
Lembro que tive uma conversa com Gerson Witte e ele me dizia, empolgado, do reconhecimento que a AH havia adquirido, e que as páginas não eram suficientes para tantos artistas.
Naquele momento eu senti que era hora de seguir em frente. Tentar carreira solo. Precisava daquilo, de provar que poderia continuar sem o aval do bom nome da Areia Hostil.
Eu tinha muitas idéias para o Val – que era o personagem ao qual eu mais me empenhava naquela altura do campeonato – [muitas delas, ainda não transformei em roteiro] e havia esse desafio de vê-lo resistir sozinho numa edição só dele.
E eu queria muito seguir sozinho, ver até onde poderia ir. E fui.
Curiosamente, quando a derradeira edição de Areia Hostil chegou, eu já tinha minha edição de Val idealizada.
Porém, de outra maneira, prossegui na revista até o fim, já que a história do Wild – personagem de Carlo Diego – em AH # 15, tem roteiro meu.
Seis anos separam o que aconteceu lá atrás para hoje. Muita coisa mudou, inclusive, a minha visão de tudo. Mas não me arrependo de nada e me apego ao lado positivo, das coisas que deram certo. Elas foram maioria.
Por exemplo, em AH # 8, tivemos a colaboração de ninguém menos que Raí, grande artista, excelente roteirista [que passou pelos estúdios do Mauricio de Sousa, do Ziraldo e ainda escreveu roteiros para a revista do Co-Có-Ri-Có] e em evidência graças ao Galo Costa, que ganhou uma edição de Graphic Talents – clique aqui e saiba mais sobre isso.
Ou quando convenci Renato Guedes [sim, ele mesmo] a desenhar as capas da AH. É verdade isso, ele iria fazê-lo em nome de nossa amizade. Mas hoje, acredito, nem deve se lembrar. Na época, Renato estava em evidência graças às capas dos álbuns que ele fazia para a Editora Opera Graphica.
E o PC Siqueira, sabe quem é?, quase participou também. Mas isso, muito antes dele ser famoso.
Enfim, histórias, temos muitas. Para contar, então, nem se fala.
Mas encerro por aqui. Daqui pra frente, só presente e futuro.
Inté!
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