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Foto do escritorVagner Francisco

O ESQUADRÃO SUICIDA | RESENHA


O esperado filme de James Gunn finalmente chega aos cinemas, arrebatando muita expectativa e elogios.

De um desempregado em 2018 - demitido pela Disney, quando antigos tweets seus foram resgatados pela Fox News - Gunn passa agora ao status de diretor-sensação, afinal o mundo só fala dele.

Mais: se a Disney – e não a Marvel – lhe virou as costas há três anos, a Warner/DC fez o contrário e lhe deu a chave do estúdio para desenvolver o projeto que bem entendesse, inclusive o novo filme de um certo kryptoniano. Ele optou por Esquadrão Suicida, se declarando fã dos quadrinhos de John Ostrander dos anos 1980.

Sim, Gunn voltará para o terceiro Guardiões da Galáxia, mas sua parceria com a Marvel/Disney terminará aí.


Então, ele volta para a Warner/DC e pode fazer o que quiser. As possibilidades são infinitas.

De imediato, já há uma minissérie estrelada por Pacificador a ser disponibilizada pelo HBO Max no ano que vem.

E você pode aguardar com toda a tranquilidade, pois um terceiro filme do Esquadrão virá.

Quando perguntado se tem interesse em desenvolver materiais próprios, Gunn disse não fazer muita questão e que gosta de adaptações de quadrinhos. No entanto, não se sente muito a vontade dirigindo roteiros de terceiros.

Seu primeiro longa, de 2010, chama-se Super e conta a história de Frank, um homem comum, de meia idade, que percebe a vida desmoronar ao seu redor e a cereja do bolo é a sua mulher trocá-lo pelo Kevin Bacon. Isso o faz entrar numa espiral de identidade e criar um alter ego chamado Crimson Bolt, um vigilante uniformizado interessado em combater o crime. Mas, mais que isso: ele quer recuperar a mulher que ama. Com o inacreditável bordão “Cale a boca, crime!” gritado a plenos pulmões, Crimson consegue até mesmo uma parceira, uma sidekick, interpretada pela outrora Ellen Page.

Super chamou a atenção de Kevin Feige, pois o próximo filme de Gunn foi justamente--- Guardiões da Galáxia.

Talvez a Warner/DC tenha visto em Gunn a cola necessária para unir o Universo Expandido da DC, tentado de forma bastante etérea com O Homem de Aço. Os executivos tentaram, inclusive inserir o Batman, de Christopher Nolan nesse universo, mas o diretor pediu para incluírem-no fora disso. Então, Zack Snyder trouxe Ben Affleck e seu então vindouro The Batman daria sobrevida àquilo tudo.

Quando as coisas deram errado, com os diversos fracassos, tanto de Batman V Superman e Liga da Justiça, até Esquadrão Suicida, de 2016, a DC Films puxou a tomada e o universo se estilhaçou, sobrando pedaços de universos separados, onde vemos Mulher-Maravilha de um lado, The Batman, agora sob a batuta de Matt Reeves d’outro; Aquaman num terceiro e por aí vai. Seria o filme do Flash aquele que fará o universo voltar a ser coeso ou destruirá tudo de uma vez?

Isso porque o Adão Negro supostamente trará a Sociedade da Justiça. E ainda temos o segundo Shazam chegando.

Quem mais perdeu com tudo isso foi o Superman, pois está desaparecido como protagonista desde O Homem de Aço e mesmo com diversas conversas, nenhum novo filme está em produção. O Homem de Aço 2 foi discutido por diversos diretores, mas nunca ganhou sinal verde.

Sim, há a versão produzida por JJ Abrams, que ainda não tem um diretor e sequer protagonista; o Collider aposta em Michael B. Jordan, mas nada ainda foi confirmado.

Então, veio O Esquadrão Suicida, com humor e cenas pós-créditos e a pergunta foi feita: ainda há um Universo Expandido DC? Segundo o diretor, sim. Existe.

Sendo assim, muito provavelmente, haverá um novo movimento para aproximar os personagens, o que é muito justo. Afinal, o Pinguim – vilão do Batman - já fez parte do Esquadrão; Adão Negro também; Batman apareceu nas instalações em Belle Reve ao menos duas vezes; e o Esquadrão enfrentou a Liga da Justiça pelo menos duas vezes também. Então, é natural que eles se encontrem.

Mas, e quanto ao filme?

O Esquadrão Suicida de 2021 é um bom filme, infinitamente superior à versão retalhada de 2016, que mantém a estrutura anterior e também toma suas liberdades, pensando grande.

Viola Davis, Jai Courtnei, Joel Kinnaman e Margot Robbie estão de volta como Amanda Waller, Capitão Bumerangue, Coronel Rick Flag e Arlequina, respectivamente.

Aqui vale destacar alguns pontos: a princípio não se sabia se a estrela do filme anterior voltaria ou não. Caso Will Smith quisesse repetir o seu Pistoleiro, o papel estaria à sua disposição. Segundo o estúdio, por questões de agenda, Smith não retornaria e também o seu personagem seria preservado - no caso de um retorno num futuro próximo. Sendo assim, Idris Elba foi convidado e no início da produção nem ele, nem Gunn sabiam qual personagem ele interpretaria. No final das contas, bateram o martelo por Sanguinário.

Esse filme também quase fica sem seu Rick Flag, uma vez que seu intérprete, Joel Kinnaman filmava uma série para a AppleTV., For All Mankind. Mas com muita cooperação de ambas as produções, Kinnaman conseguiu fazer suas cenas. Ele também disse que esse Flag parecia outro personagem em relação ao filme anterior, então decidiu interpretá-lo como se fosse outro personagem de fato. O diretor gostou da ideia.

Gunn insere diversos outros personagens, desde inúteis a fundamentais, passando pelos alívios cômicos. Há uma legião de personagens no filme e a principal função deles é: morrer! ---e fazer graça.

Doninha - rouba a cena

Vamos lá: o filme começa mostrando uma equipe partindo para uma missão num país fictício chamado Corto Maltese – localizado mezzo na América Central, o país é basicamente um misto de Cuba com Venezuela. Eles precisam ir até lá porque o presidente mezzo-democrático, Herrera, cuja família governou o país por um século, foi vítima de um golpe militar e acabou morto. Com isso, um General assume o controle do país, o que liga o alerta na Casa Branca, uma vez que, embora Herrera não fosse exatamente um Barack Obama, também não “antagonizava” com a América, como bem diz Waller. A missão do Esquadrão é amenizar os ânimos.


A cena do helicóptero, com o episódio da Doninha, visto no trailer, talvez seja a mais engraçada de todo o filme; aliás a Doninha é uma piada pronta e cumpre muito bem a sua missão. Eu ouso categorizá-la como a melhor personagem do filme, seguida por Tubarão-Rei.

Como Amanda Waller não é ingênua, envia uma segunda equipe – que invade o país-ilha pelo lado oposto da primeira.

No decorrer do filme, ambas acabam se encontrando formando um amálgama dos principais personagens que se mantém assim até basicamente ao clímax do filme.


A segunda equipe tem uma missão a mais: em Corto Maltese há uma torre que foi construída pelos nazistas e há indícios de movimentações extraterrestres num projeto conhecido com Estrela-do-Mar capitaneado pelo Pensador. A missão dessa equipe é destruir a torre e todos os indícios desse projeto – isso também aparece no trailer, com a pergunta do Pacificador.

No meio disso tudo ainda há uma frente de libertação de Corto Maltese que luta contra o opressor que está na cadeira da presidência.

A segunda equipe é formada por Sanguinário [Idris Elba], Pacificador [John Cena], Tubarão-Rei [voz de Sylvester Stallone], Polka Dot Man [David Dastmalchian] e Caça-Ratos 2 [Daniela Melchior] e a interação entre eles se mostra um pouco mais difícil, uma vez que nunca trabalharam juntos. E o roteiro explora exatamente esses relacionamentos, ora competições entre Sanguinário e Pacificador, ora Caça-Ratos tentando humanizar o Tubarão-Rei. Polka Dot Man tem seus próprios problemas e as manifestações sobre isso são muito bem pensadas.

Tubarão-Rei já conquistou o público

Eles precisam se entender para conseguir chegar a algum lugar.

Quando as duas equipes se tornam apenas uma, a missão passa a ser localizar o Pensador e levá-lo como cartão de entrada para a Torre Jotunheim – aquela criada por nazistas, onde pode haver manifestação alienígena.

A partir daí, é traição sobre traição, muitas mortes e finalmente Starro dá as caras. O bizarro ganha os holofotes e tudo fica meio que cada um por si.


Agora, o filme é bom? Sim, é.

De início James Gunn bota as cartas na mesa e mostra as regras do filme, até mesmo o que podemos esperar de alguns personagens.

Confesso que a equipe 2 não é tão interessante quanto a primeira. Além de ser muito divertida e seus personagens parecerem sair em excursão de férias, o clima é muito mais próximo das HQs de John Ostrander e Luke Mcdowell. Nessa equipe, temos: Rick Flag, Arlequina, Capitão Bumerangue, Sábio, O.C.D., Dardo, Blackguard, Mongal e Doninha. A interação entre eles é fantástica e, caso essa equipe seguisse dessa maneira até ao final do filme, seria perfeito! Um filmaço! Infelizmente isso não acontece e, como o diretor decidiu se mostrar humano – até mesmo como uma resposta aos famigerados tweets que o derrubaram das costas do Mickey – e por vezes flerta com o sentimentalismo bem barato. Em muitos momentos, é Arlequina quem salva as cenas com um humor a lá Charlie Harper, aquele antigo personagem imortalizado por Charlie Sheen.

Ela tem a força! Arlequina é a estrela do filme

De qualquer maneira, O Esquadrão Suicida é um ótimo filme, com um diretor/roteirista em estado de graça e que pode definitivamente fazer frente à Marvel a partir de agora.

E, que venha Pacificador!

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