Recebi com certo lamento, a notícia de que o site Bigorna está com suas atividades suspensas, desde o último 29/5.
E por que?
Primeiramente porque o Bigorna, nos últimos tempos, era gerido por um cara envolvido até o talo na produção de quadrinhos, já publicou em várias editoras, tem personagens marcantes, venceu uma dezena de prêmios Ângelo Agostini de melhor chargista – até fez um mêa culpa sobre isso.
Estou falando de Marcio Baraldi.
Nunca o encontrei pessoalmente e também se muito, trocamos um par de emails.
Mas é um cara por quem nutro uma genuina amizade. Por ele, Baraldi, e também por outro camarada, que havia deixado o site há aproximadamente um ano, Humberto Yashima.
Conheço Humberto, pessoalmente inclusive, há três anos. E Humberto é um cara engajado, tanto quanto Baraldi, com o único diferencial que ele concentra seus esforços nos bastidores. Sempre parceiro de Eloyr Pacheco – na extinta Brainstore, no Bigorna e agora, no Centro Cultural Eloyr Pacheco – Humberto batalhou bastante também pelo sucesso do site.
Eu não poderia deixar a oportunidade de lamentar – e agradecer toda a gentileza que eles sempre tiveram comigo e com minhas HQs – o encerramento desse veículo, que como o próprio Baraldi diz, em seu release, criou uma linguagem própria, para um público diferenciado, longe das bajulações e de trocar divulgações por gibis ou empregos. Ao menos até onde eu sei, ehehh.
Bigorna também criou uma premiação própria – lembro-me que o amigo Francinildo Sena chegou a levar como melhor roteirista, o que é merecido. Afinal, Crânio, seu personagem mais famoso, está aí até hoje, com histórias inéditas e lutando por espaço, com mais afinco até do que uma Velta, por exemplo, que estagnou lá atrás nos anos 70.
Uma das razões alegadas por Baraldi, é que o mercado de quadrinhos brasileiros, já não existe há muito tempo. E nisso concordo com ele. Não existe. E ninguém se importa. Muito menos as editoras.
O que fazer? Tentar mostrar a elas que é possível investir, que há projetos e personagens com potencial para isso. Mas para isso, precisamos mostrar esses projetos e personagens. E aí, fica difícil, né? Respondo: fica sim.
Mas vamos tentar.
Para ler a carta aberta de despedida do Bigorna, clique aqui.
E quem sabe, num futuro próximo, o site não possa estar de volta?
De público, eu gostaria de indicar um cara foda para ser colborador: Edvânio Pontes. Edvânio escreve como ninguém sobre qualquer coisa. Fica a dica.
De qualquer forma, reservo um minuto de silêncio pela morte de mais um espaço para as HQs.
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