O ano era 1997. Claiton e Renato estavam no mesmo time.
Mas ambos tinham sua patota.
O grupo estava rachado.
Claiton era melhor. Rápido, liso, quando botava a bola pra correr, ninguém pegava.
O problema: ele não tocava para ninguém.
Renato era um cara comum. Driblava, tocava, se posicionava como qualquer outro jogador.
Mas havia outros melhores que ele.
Então, Jean caiu na área.
“Pênalti”, sinalizou o árbitro.
Claiton veio rápido. Renato pegou a bola.
– Deixaque eu bato. – disse Claiton.
– Podedeixar. – retrucou Renato.
Um impasse. Quem bate?
Nenhum deles cederia. Significaria uma derrota perante seu grupo.
O “problema” entre eles começou lá atrás.
Claiton, o líder, se empolgava com Léo, seu braço-direito. Mas o treinador via em Renato o cara certo para a função.
Renato admirava o trabalho de Claiton, que não disfarçava em desprezá-lo.
O distanciamento tornou-se inevitável.
Pouco depois, já não se falavam mais.
Não se olhavam mais.
Não vibravam mais.
Então, chegamos ao impasse do pênalti.
Claiton estava tentando tomar a bola das mãos de Renato, quando Fernando, o mais velho do grupo se aproximou.
– Deixao Renato bater. – ele disse.
Os dois olharam para ele.
Fernando manteve a firmeza.
Renato botou a bola na marca da cal, se afastou, olhou para o goleiro, correu e bateu.
Gol!
E vitória do time.
Uma vitória para o grupo de Renato.
Claiton manteve-se em silêncio.
No ano seguinte, nenhum dos dois estava mais no grupo.
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