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O ROCK MORREU JUNTO COM EDDIE VAN HALEN

Foto do escritor: Vagner FranciscoVagner Francisco

Parece presunção de minha parte atestar a frase do título dessa postagem, porém é a mais pura verdade.

Quando soube do falecimento de Eddie Van Halen, a notícia me atingiu como um golpe de pé-de-cabra na cabeça. Fiquei atônito por horas, dias.

E, ao buscar por mais informações, notei que a reação de todos aqueles apreciadores do bom rock foi parecida.

Você já percebeu que as guitarras estão desaparecendo das músicas? Bandas de rock que injetavam riffs e mais riffs, agora economizam em seus virtuosismos, deixando os vocalistas cada vez mais isolados nas referências. Se você ouvir uma musica do Bon Jovi de 2020 e depois procurar por uma de 20 anos atrás, perceberá uma enorme diferença: a música de 2000 tinha solos de guitarra, era até mais pesada. A da atualidade tem apenas um cara miando umas letras ridículas.

Agora, pegue o primeiro álbum do Van Halen, de 1978; e pegue o último, de 2012. Talvez o último seja até mais pesado. É uma overdose de guitarra e virtuosismo que deixa um fã desavisado um tanto desorientado. Porém, é ótimo!

E por quê? Porque o guitarrista do Van Halen não abriu mão do rock; enquanto o guitarrista do Bon Jovi, bem— o Bon Jovi abriu mão de seu guitarrista.

E você sabe, Bon Jovi, em seu início de carreira, bebeu muito da fonte do Valen.

Mas, voltando à banda de Eddie, ele perdeu uma tortuosa batalha contra um câncer de garganta que fez o Van Halen parar nos últimos cinco anos.



Dez anos antes, Eddie havia vencido um câncer na língua, quando retirou um pedaço da mesma – Eddie era um fumante inveterado.

Voltando ao câncer de garganta, infelizmente, a doença avançou e chegou a outros órgãos – inclusive no cérebro – e assim, Eddie Van Halen faleceu aos 65 anos.

Reza a lenda que Van Halen foi “descoberto” pelos membros mais famosos e donos do Kiss, Gene Simmons e Paul Stanley – a dupla havia sido convidada a ver uma banda desconhecida, tocando em Los Angeles. Era 1976.

Simmons deu sua versão, dizendo que não descobriu ninguém e que o Van Halen era tão bom que seria questão de tempo para assinarem um excelente contrato com alguma gravadora.

E foi o que aconteceu em 1977. No ano seguinte, Eddie, seu irmão Alex Van Halen, o baixista Michael Anthony e o vocalista David Lee Roth lançaram seu primeiro álbum auto-intitulado.

E o sucesso veio.

E com ele, todas as conseqüências, positivas e negativas disso.

Van Halen ia ficando cada vez mais uma banda conhecida e milionária, com um tanto de copiadores – um rock irreverente, que fala de carros, garotas, professoras, você já deve ter ouvido algo por ai! – e com isso seus membros também eram elevados a outros patamares.

Então, os membros já não falavam mais a mesma língua. Havia uma disputa de atenção entre Eddie e David Lee Roth, o que culminou na saída do vocalista apenas sete anos após assinarem o seu primeiro contrato.

David Lee seguiu por carreira solo, tendo em sua banda um cara que se tornou referência em guitarra: Steve Vai.



O mesmo Steve que sempre se declarou fã de— Eddie Van Halen.

Que contou ter se aproximado de Eddie após sua saída da banda de David Lee Roth e criou uma forte amizade com o ídolo.

Van Halen por sua vez tratou de botar um novo vocalista na banda e partiu para novos álbuns. O novo vocalista, em questão, Samy Hagar, não tinha nada a ver com o anterior.

Van Halen compunha, produzia e lançava álbuns de uma forma muito rápida. Eles se divertiam enquanto gravavam.

Para você ter uma idéia, Slash odiou a experiência de gravar os álbuns duplos Use Your Ilusion I e II porque Axl se mostrou perfeccionista ao extremo e só botava sua voz nas faixas quando ninguém mais da banda estava presente.

Esse perfeccionismo fazia parte da vida de Hagar, que queria tudo perfeito. Como ele dizia, até suas meias eram passadas, tamanho o seu alinhamento.

Eddie e seu irmão, Alex, o baterista, odiavam o processo de Hagar e a saudade por Dave batia.

Mais dez anos se passaram, Samy também saiu do Van Halen – os irmãos ganharam fama de difíceis – e uma vez mais a banda estava sem vocalista.

Em 1998, Van Halen III veio numa fase bastante obscura, com Gary Cherone – então ex-Extreme – nos vocais. Pense num álbum ruim— é isso!

Os anos se passaram e entre uma volta de Samy Hagar e outra saída, e finalmente os irmãos Van Halen fizeram as pazes com Lee Roth, que voltou para a banda.

Era 2012, e o filho de Eddie, Wolfgang, assumiu o baixo – à revelia de Michael Anthony, que nunca saiu da banda, porém sequer foi convidado a voltar. O que fica claro agora é que provavelmente Eddie queria tocar junto com o filho, enquanto ainda podia e não queria revelar que estava morrendo. Claro, isso não justifica a falta de satisfação a Michael Anthony que foi tocar na banda de Samy Hagar: ChickenFoot.

De qualquer maneira, 2015 marcou a última vez que Eddie tocou o seu maior sucesso: Jump.



Em 1982, Eddie fez algo que imaginava que ninguém jamais descobriria: contribuiu com sua guitarra para uma música de Michael Jackson. Era o álbum Thriller que, caso eu esteja enganado, ainda é o álbum mais vendido da história.

A história é a seguinte: Quincy Jones queria um guitarrista de ofício para emoldurar Beat It, um dos maiores sucessos de Thriller, e por isso convidou Pete Townsend, do The Who. Townsend educadamente recusou a oferta, porém indicou Eddie, eu ficou muito feliz com isso.

Eddie contou que estava de férias do Van Halen, em casa, enquanto os outros membros da banda estavam pelo mundo.

Eddie, então, foi até ao estúdio e, bem, em 2012, ele contou à CNN como foi o processo: \”Eu ouvi e imediatamente perguntei se poderia mudar algumas partes. Pedi para o engenheiro de som eliminar alguns trechos, acho que levou uns dez minutos para juntar tudo, então improvisei dois solos por cima. Eu tinha acabado de finalizar o segundo deles quando Michael entrou na sala. Vocês sabem como os artistas são meio loucos. Todos somos meio estranhos. Eu não sabia como Michael ia reagir, então avisei que havia mudado a parte do meio da música. Pensei que ou ele me expulsaria aos chutes por ter cortado a música dele ou gostaria. Michael ouviu, virou para mim e disse: \’Obrigado por ter essa paixão, não só vir e fazer o solo, mas por se importar com a música e fazê-la ficar melhor\’\”.

Eddie também criou a própria guitarra, chamada por ele de Franskestrat, e a partir de 2009, começou a fabricar guitarras, EVH Wolfgang.

Eddie era amigo da maioria dos músicos famosos e inclusive, uma vez, tentou entrar para o Kiss, algo que Gene Simmons recusou no ato.  Ele disse que o Van Halen era o Kiss dele e ele tinha que seguir com a banda.

O que Eddie queria era na verdade continuar tocando sua guitarra, não se importando muito onde.

E, de formas às vezes tortuosas, foi o que ele fez.

Eddie Van Halen mudou a forma de tocar guitarra, assim como Jimy Hendrix o fez antes dele. Eddie, porém, manteve sua influência muito mais duradoura e até hoje, seu estilo ainda é copiado. Não existiria um guitarrista virtuoso sem Steve Vai, Joe Satriani, Slash— e não existiria nenhum desses, sem Eddie Van Halen.

O livro da guitarra se fechou com a morte de Eddie Van Halen. E o rock deu seu último suspiro em 6 de outubro de 2020.

Abaixo, alguns relatos de amigos que conviveram ou conheceram o maior guitarrista da história do rock:

\”Uma tragédia que tenhamos perdido ele. Não apenas foi inovador e com estilo de tocar, mas também foi um grande showman que nos deixava chocados o tempo todo. Todos os shredders de hoje em dia perderam seu Mestre Supremo e Guia. Ao envelhecer, ele se tornou ainda mais generoso, divertido e modesto em relação a suas imensas habilidades. Talento imenso, o Grande Guitarista Norte-Americano. Eu esperava que ele um dia se tornasse Presidente\”. – Pete Townsend.

 \”Ele foi o melhor pai que eu poderia ter. Cada momento que compartilhei com ele dentro e fora do palco foi um presente. Meu coração está partido e acho que nunca vou me recuperar totalmente dessa perda. \” – Wolfgang Van Halen, filho de Eddie.

\”Eddie Van Halen foi um guitarrista brilhante que criou uma técnica de tocar que serviu para emular toda uma geração de guitarristas. Ele foi um dos melhores músicos que conheci no ramo da música. Muito tímido e nada presunçoso em relação a sua habilidade com a guitarra. Frank Zappa disse que ele reinventou a guitarra. Eu concordo\”. – Ritchie Blackmore.

“Ele foi o maior guitarrista da minha geração. A magia de sua musicalidade nunca para de me surpreender.” – Joe Satriani.

\”Descanse em paz, EVH. Um dos maiores, mais inventivos e verdadeiramente visionários músicos da história. Um titã sem paralelos nos anais do rock and roll. Agradecemos do fundo dos nossos corações por cada nota espetacular\”.– Tom Morello.

“Um verdadeiro roqueiro, um músico profundo, um coração ENORME, um garoto de Los Angeles por completo. Um inovador ousado e o rei indiscutível. Espero que você toque com Jimi Hendrix esta noite e voe livremente pelo cosmos. Uma parte vibrante da música deixou este planeta.” – Flea.

Referências: Whiplash.net, Aventuras na História, Wikipédia.



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