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Foto do escritorVagner Francisco

QUEM SÃO OS TERRY GILLIAMS DO MUNDO?



Você deve saber da última do Zack “visionário” Snyder, certo?

Ele salvou a adaptação de Watchmen dos “Terry Gilliams” deste mundo.

O mais legal é ele dizer que “os fãs não iriam gostar” da versão de Gilliam e do produtor, Joel Silver.

Muita gente acabou concordando porque viram que o Snyder foi até fiel à série – a mudança mais drástica foi o final – e o argumento exposto pela dupla da versão não-filmada tinha muitas diferenças.

Mas aí você pega tantas adaptações de quadrinhos que se tornaram ótimos filmes, e muitas delas, nada tinham a ver com fidelidade ao trabalho original, e pensa no que Snyder falou.

Superman, de 1978: Clark Kent, orientado pelos pais, esconde suas fabulosas capacidades kriptonianas –  graças ao sol amarelo – se passando por um “pateta” e, mesmo em dúvidas, obedece e aceita o fardo de ser apenas mais um. Ele só vem a se mostrar, quando adulto, vestido como Super, em Metrópolis, fazendo com que todos se perguntem de onde tal “grande pássaro azul” veio.  

Lex Luthor foi o único terráqueo a duvidar das intenções do kryptoniano. Lex simplesmente quis tirar o Super do caminho para seguir com seu plano de obter terras.

Nos quadrinhos, eles se conheciam desde a mocidade, em Smallville, e eram até amigos – só mudou quando Luthor culpou o então Superboy por tê-lo feito perder os cabelos, causando um ódio eterno no vilão. A série Smallville, muitos anos depois, acabou explorando essa relação.

Sendo assim, na reformulação pós-Crise, John Byrne resolveu seguir o caminho do filme e apagou toda aquela história de juventude do Super, apagando o Superboy da cronologia, assim como foi feito no filme. E o Luthor não gostava do homem-de-aço simplesmente por inveja e nada mais.

Byrne, aliás, elogiou bastante a atuação de Gene Hackman como Luthor.

Blade: o caçador de vampiros sem senso de humor [sorrisos são contagiantes], que Wesley Snipes tão bem encarnou. No filme, seu algoz, Deacon Frost, é também o seu pai – ou aparentemente—

Ele se tornou um híbrido de humano com vampiro porque sua mãe, enquanto grávida, fora mordida por um vampiro. Assim Blade ganhou o melhor dos dois – força sobre-humana, não envelhece, pode andar de dia – e o pior – sede insaciável de sangue.



Nos quadrinhos: criado para ser um coadjuvante no título Tomb of Drácula, por Marv Wolfman e Gene Colan, Blade obteve algum destaque, inclusive anos depois nas mãos de Howard Mackie, nas páginas de Motoqueiro Fantasma.

E detalhe: todas as tentativas da Marvel em criar títulos para o Blade terminavam em fracassos. Então, alguém reclamou das mudanças nos filmes? Não, porque ninguém lia os quadrinhos.

Batman, de 1989: um Bruce Wayne baixinho, que se valia mais de sua armadura, equipamentos e um avião do que de seus dons detetivescos. Na trama, ainda, alteraram sua origem para que houvesse uma ligação umbelical com o surgimento de seu arquiinimigo, o Coringa: ambos criaram um ao outro.

Os fãs reclamaram bastante até. Mas depois que o filme foi lançado, tudo se encerrou.

Nos quadrinhos: o surgimento do Batman nada tem a ver com o Coringa. E vice-versa.

Batman Begins: um Batman sendo treinado por Ra’s Al Ghull.

Nos quadrinhos: isso nunca aconteceu.


Ninguém reclamou porque o roteiro de David S. Goyer foi tão bem feito que essas mudanças simplesmente deram certo.

Homem-Aranha: praticamente uma história diferente, com um Peter Parker menos engraçado, com menos virtudes, loucamente apaixonado pela Mary Jane e um Duende Verde com uma armadura nada-a-ver. Isso sem falar nos lançadores de teia orgânicos.

Nos quadrinhos: o primeiro grande amor de Peter chama-se Liz Allen, que preferia os jogadores de futebol, como Flash Thompson. Peter, quando descobriu ter poderes pensou apenas em si e na família [Tia Mae e Tio Ben], até que uma fatalidade o fez mudar o pensamento. Mas ele nunca foi o egoísta que Sam Raimi mostrou nos filmes, muito pelo contrário, ele até deixou a faculdade porque sabia que a Tia Mae contava com parte de seus ganhos com fotos no Clarim Diário para sobreviver.

Fora outras produções, como o Máskara, Homens de Preto, o próprio Thor, mesmo produzido pela Marvel, é bem diferente dos quadrinhos. E ainda há os fracassos, que também sofreram alterações, como Mulher-Gato, Constantine [não exatamente um fracasso], Demolidor, Quarteto Fantástico—-

Então, na verdade, mudanças ocorrerão sempre, até mesmo para ajudar as adaptações a um novo formato.

Lembre-se: Superman teve roteiro escrito por Mario Puzzo.

Sendo assim, mesmo sem assistir, eu tenho absoluta certeza de que a versão Terry Gilliam seria muito melhor que a feita pelo Snyder.

Por quê?

Primeiro, porque Gilliam é muito mais cineasta, autor, talentoso, tem mais sucessos e histórias diferentes, tem mais profundidade artística, é original, e infinitamente mais diretor que Snyder. Não tem comparação.

Assista ao Mundo Imaginário do Dr. Parnassus, 12 Macacos, Brazil – O Filme e tire suas próprias conclusões.


Segundo, porque do jeito que ficou, Watchmen se converteu ao snyderismo. Afinal, a idéia da história é justamente tentar jogar um mundo real aos leitores, com uma pitada de fantástico. Ok, uma grande pitada, mas é. As cenas de luta, ilustradas por Dave Gibbons demonstra esse “humanismo”, enquanto o filme explora a destreza dos personagens, com lutas muito bem coreografadas, slow-motion, e nada reais.

E terceiro – e último: é impossível se fazer Watchmen do jeito que a série foi conduzida porque o tempo passou, o mundo mudou demais – a União Soviética acabou – e era preciso um novo ponto de vista para aquilo tudo.

Darren Aronofsky, que chegou a ser oficializado como diretor do longa, em 2001 – e ficou no cargo até 2004 – tinha a ideia de atualizar a trama, trocando a Guerra do Vietnã pela do Golfo, e, lógico, resquícios de terrorismo, graças ao 11 de Setembro. Aronofsky também é muito mais diretor que o Snyder.

Assim como Paul Greengrass que substituiu Aronofsky quando esse se desligou do projeto.

Snyder só ganhou essa parada porque foi extremamente fiel a 300.

Enfim, olhando a lista de possibilidades, de todos os talentos envolvidos, há de se lamentar que o escolhido é o pior de todos e mesmo assim ele se gaba de ter feito algo que ele, como fã, adorou.

Eu me sentiria envergonhado.

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