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RAY FISHER V JOSS WHEDON – NOVO ROUND

Foto do escritor: Vagner FranciscoVagner Francisco

Em entrevista ao Hollywood Reporter, o intérprete de Ciborgue em Liga da Justiça, Ray Fisher deu mais detalhes a respeito de suas agruras no set do filme da Warner.

Ray conta um pouco mais de detalhes do dia a dia no set, as mudanças ocorridas quando da saída de Zack Snyder e até o bordão que a contraparte dele utiliza no desenho animado Jovens Titãs em Ação.

Ray explica que, desde o início, sempre esteve perto de Zack Snyder – o diretor – e Chris Terrio – o roteirista – de Liga da Justiça para a criação de um personagem que seria, em suas palavras “o coração da Liga”. Segundo o ator, Snyder queria isso, ele via que Ciborgue deveria ser o fio condutor de toda a trama e, junto ao roteirista, eles desenvolveram o personagem dessa maneira. Mais: desenvolveram um personagem negro, com as questões e urgências características deste.

Fischer, em dado momento, utilizou o personagem Frankenstein como referência à criação do Ciborgue – que era um jovem atleta e, devido a questões orgânicas, acabou mutilado e só conseguiu continuar com sua vida graças a membros mecânicos, instalados pelo pai, o genial Silas Stone. Aliás, o nome verdadeiro de Ciborgue é Victor Stone.

Enfim, Fisher tinha a certeza de que iria desenvolver um personagem único, e estava muito convicto que acertaria em cheio na audiência.

Infelizmente, tudo mudou quando, após a tragédia da morte de sua filha, Zack Snyder se viu obrigado a deixar a produção. Algumas fontes dizem que ele foi demitido. De qualquer maneira, os executivos pediram-lhe antes do afastamento um corte do filme, de aproximadamente duas horas.

Outro burburinho na época alegou que esse corte era inassistível.

De qualquer maneira, a Warner decidiu seguir em frente e trouxe ninguém menos que o diretor de Os Vingadores, Joss Whedon para finalizar Liga da Justiça.

É aí que os problemas de Ray – e de outros membros da produção – começam.

De antemão, segundo Ray, Wedhon chega como um rolo-compressor e decide o que fazer com cada personagem, sem pedir a opinião de ninguém do elenco – lembremos que, a essa altura do campeonato, as filmagens já haviam se encerrado [Henry Cavill por exemplo já ostentava o seu bigode da discórdia, por exemplo em Missão Impossível] e o elenco foi reconvocado.

Whedon ignorou solenemente Jason Momoa e forçou Gal Gadot a engolir as próprias reservas em relação à mudança de sua personagem.

Com a adição da diretora de Mulher-Maravilha, Patty Jenkins, Gadot levou a questão à presidência da Warner que, segundo ela, aparou as arestas.

Ray, por outro lado, também percebeu a mudança em seu personagem e tentou conversar, dizer como ele deveria ser e agir; e recebeu uma resposta atravessada de Whedon.

A coisa só foi azedando.

Ele tentou então um contato com Geoff Johns, que era o presidente da DC na ocasião e, segundo o ator, Johns era ainda pior que Whedon.

No final das contas, havia o bordão que fazia sucesso na tv: “Boyah”. Ray realmente utiliza o bordão, mas não sem antes questionar e apenas sob muita insistência e ameça, o fez.

Ray solicitou uma investigação a respeito da má conduta no set; ele chegou a dizer que a Warner tentava encobrir todos os erros por lá cometidos. Depois, pediu um investigador independente, o que efetivamente nunca foi atendido. Não como ele queria.

Ao final das contas, Ray Fischer perdeu inclusive a participação que seu personagem faria no filme do Flash.

Então, o que tirar disso tudo?

Primeiramente, vejo tudo com muita tristeza; quando uma equipe chega a esse ponto é porque nada deu certo ali. Infelizmente, o estúdio decidiu continuar porque, queiramos ou não, é um filme de 300 milhões de dólares, e eles queriam ver esse investimento tendo retorno – não se engane, é um filme, e filmes precisam gerar lucros, senão, estúdios fecham, cabeças rolam e assim por diante.

Whedon, a meu ver, foi tremendamente corajoso em aceitar tentar consertar um filme que supostamente era inassistível. De repente, se ele pudesse recomeçar do zero, as coisas seriam diferentes. Já vimos isso acontecer em Exorcista 4 – que tem duas versões. Completas.

Porém, a partir do momento em que põe o pé dentro do set, o diretor erra em todas as suas decisões. Absolutamente todas!

É claro que há atores cascas-grossas como o Ben Affleck que entendem o jogo do dinheiro e podem ser mais complacentes; ou mesmo Jeremy Irons, que está no ramo há séculos – e parece que este também se estranhou com Whedon. No entanto, as preocupações de Fischer e Gadot são genuínas.

Gadot tinha receio de que sua personagem perdesse o padrão, já mostrado em Batman V Super e em Mulher-Maravilha; já Fischer estava diante de uma folha em branco e queria fazer algo realmente interessante com ela. Inclusive por ser o representante negro da equipe.

Whedon, porém, não quis saber. Passou como um rolo compressor em todo mundo, deu carteiradas como quis e entregou sua versão do filme – que é muito ruim!

Se tivesse um pouco de sensibilidade, ele teria conseguido arrancar um pouco do talento de Fischer e nada disso teria acontecido.

Quanto ao Ray, acredito que tenha lhe faltado experiência: claro, é ótimo você participar da criação do personagem desde o início, porém cada diretor tem o seu jeito de trabalhar. Faltou ao Ray talvez entender a situação de urgência que se apresentava. Eles tinham um prazo para entregar um filme inassistível que sequer estava pronto. Era preciso improvisar.

Para a Warner, o estúdio tomou a decisão correta: contratou o diretor/roteirista que entregou o filme de equipe de super-herois, que luta contra uma invasão alienígena e precisa resolver as próprias diferenças; com uma bilheteria batendo facilmente o bilhão. Porém, o resultado foi pífio.

E quem perdeu? Todos! Fischer pode ter perdido muito de seu prestígio, pois agora ele está numa série de tv. Whedon deve desaparecer por uns bons cinco anos, no mínimo; perdeu o emprego na Warner, perdeu a própria série, chamada The Nevers, que ele mesmo criou! Geoff Johns também possivelmente voltou a apenas escrever roteiros da DC – se é que ele ainda está lá. E o restante seguirá com sua vida. Gal Gadot deverá fechar a trilogia da amazona e Momoa seguirá com um segundo filme do Aquaman. Flash vem aí e Ben Affleck seguirá com sua vida, bem longe do Batman.

Triste capitulo de uma história que, mesmo com o Snydercut, não resolverá que poderia ter sido o maior filme de super-herois já visto.

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