Tudo em Todo Lugar Ao Mesmo Tempo é o resultado do trabalho de uma vida para a, hoje, estrela, Michelle Yeoh.
Nascida em 1962 na Malásia, a atriz, cujo currículo tem perto de 80 filmes, surgiu para o mundo em Missão Vingança – creditada com o sobrenome Yip.
Chegou ao estrelato mundial em 1997, co-estrelando um dos melhores filmes de James Bond: 007 – O Amanhã Nunca Morre.
Para você ter uma ideia como O Amanhã Nunca Morre fora idealizado com capricho, o vilão fora concebido para ninguém menos que Sean Connery – o primeiro James Bond do cinema. Connery acabou recusando o convite, alegando que prometeu jamais interpretar um vilão do agente secreto 007.
O papel acabou nas mãos de Jonathan Pryce.
Três anos depois e Michelle voltava a sentir o sabor da fama mundial ao co-estrelar o épico, O Tigre E O Dragão, de Ang Lee.
Indicado para dez Oscar, levou quatro; inclusive, por - agora chamado - Filme Internacional.
A carreira da estrela seguiu – repetindo a parceria com a colega de O Tigre E O Dragão, Ziyi Zhang – no equivocado Memórias de Uma Gueixa; o apocalíptico Sunshine – Alerta Solar; enfrentando Brendan Fraser no terceiro A Múmia – A Tumba do Imperador Dragão; Missão Babilônia; narrou Kung-Fu Panda 2; voltou ao universo de O Tigre E O Dragão em A Espada do Destino; ajudou Jason Sthatam no irrelevante Assassino a Preço Fixo 2; e encontrou um tempo para brincar de ser super-heroína ao encarnar Aleta, a ex-esposa de Águia Estelar, encarnado por Sylvester Stallone em Guardiões da Galáxia vol. 2.
Foi tia do Mestre do Kung-Fu, em Shang Chi e A Lenda dos Dez Aneis.
E chegamos a Tudo em Todo Lugar Ao Mesmo Tempo---
Michelle levou 22 anos para receber uma nova oportunidade, digna de seu talento. E, a personagem, Evelyn, foi feita sob medida para ela.
Dito isso, o Oscar de melhor atriz foi entregue a ótimas mãos.
Assim como os de melhores – atriz e ator-coadjuvantes: Jamie Lee Curtis e Ke Huy Quan, respectivamente, também vindos de Tudo Em Todo Lugar. E, claro, o de melhor ator para o já citado Fraser aqui, por A Baleia.
E, mesmo com todos esses prêmios, estatuetas e reconhecimentos, o filme que levou o Oscar de melhor de 2022, é ruim?! Como assim, Vagner?!
Tudo em Todo Lugar Ao Mesmo Tempo conta a história de Evelyn, sua filha; Joy – interpretada por Stephanye Hsu; seu marido, Waymond – Ke Huy; e seu pai, Gong Gong – interpretado pelo veterano, James Hong.
Eles são proprietários de uma Lavanderia nos EUA e, basicamente, a trama gira ao redor do local – direta ou indiretamente.
Eles precisam entregar sua declaração de Imposto de Renda – e precisa ser muito correta, pois a analista não morre de amores por Evelyn.
As coisas começam a se complicar quando Evelyn se torna a última esperança da humanidade ante à destruição do multiverso.
Diferente de Dr. Estranho no Multiverso da Loucura, por exemplo, onde os personagens vão invadindo outras dimensões, aqui eles conseguem atrair as contrapartes – ou trocar de corpos – para seu auxílio. Para isso, são necessários gatilhos – geralmente bizarros.
Claro que a bizarrice se dá por conta dos oponentes de Evelyn – e algumas situações beiram o desagradável.
E tudo isso acontece por causa de uma vilã, que aparentemente pode tudo, mas resolve botar o multiverso em perigo porque lhe foi negado um ingrediente humano.
Sim, é algo bastante bobo. Ao menos para um filme que trata de multiverso e suas ramificações. Além disso, esse famigerado ingrediente sequer foi negado; apenas não veio da forma que a vilã gostaria.
Então, quando a película chega ao fim, ao invés de você sair pensando de uma forma positiva – como em Matrix, por exemplo, e seu gancho que deixa a sensação de “mal posso esperar para ver o que esse pessoal vai fazer depois”; você tem a impressão de ter sido enganado.
Citando Matrix, há muitas referências em Tudo em Todo Lugar Ao Mesmo Tempo. Você se remete a Matrix 4 o tempo todo. E se decepciona, porque poderiam ter mirado no primeiro, de 1999 – esse sim, o filme que mudou o cinema e, pasme, sequer foi indicado ao Oscar de melhor filme.
Sabe quem ganhou? Beleza Americana. Alguém se lembra de Beleza Americana hoje em dia?
Uma crítica ao modo de vida estadunidense há 20 anos, ganhou status graças à cena de Mena Suvari envolta em pétalas de rosas. Nem a pobre Mena é mais lembrada hoje em dia.
Tudo em Todo Lugar Ao Mesmo Tempo é aquele filme bom que poderia ter sido ainda melhor se fosse pensado como uma franquia. O roteiro precisa granjear por muitos pedágios ideológicos para ser aprovado e aí toda a organização perde fôlego – ou lógica.
Com ajustes corretos, poderia ser facilmente o Matrix dos anos 2020. Multiverso é a palavra-chave do cinema de entretenimento hoje em dia e, a produtora A24 perdeu a grande oportunidade de entrar nesse, er--- universo, com o pé na porta.
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