Fala, galera. Tou de volta com algumas resenhas. Pra falar a verdade, não serão resenhas. Apenas quero divulgar algumas revistas nacionais que li recentemente. Alguns do autores são meus amigos e outros, acabei ficando com o contato. Todo mundo está lutando por espaço no Sol quadrinhístico e acredito eu, todos indo muito bem. Bom, vamos falar um pouco dessas revistas, ok?
* PATACOADA – revista mix de quadrinhos alternativos, muito bem acabada, sob o selo da editora independente, Júpiter II, de José Salles. O mix de Patacoada é muito cool porque conta com Laerçon, Willian Rafael, Marcelo Dolabella (mais conhecido como Dola), Paulo Miguel dos Anjos, Milson Henriques, Jeferson Adriano e Marcelo Rodrigues.
Laerçon, todo mundo conhece dos Paraibanos de Subúrbio, que participam também da edição. Já disse uma vez e repito: nada contra os desenhos do autor, mas se alguém como por exemplo Angeli, ilustrasse suas HQs, ele poderia ser o Mauricio de Sousa dos quadrinhos underground. O cara é muito insano e ao mesmo tempo genial e divertido. Além de Paraibanos, Laerçon também apresenta as histórias de Zé Boy, O Poeta e Carta Para Afras. Tudo no mesmo estilo de acidez.
Willian Rafael apresenta (pelo menos pra mim, que não conhecia os personagens) Clóvis & Gomascada, uma dupla no mínimo controversa: o primeiro é um humano, enquanto o segundo, bem… pode ser várias coisas. Há um fundo filosófico ali e é preciso conhecer os personagens, que têm potencial, assim como seu autor.
Dola é um cara divertido; sempre escreve suas HQs como se estivesse contando uma piada, o que é muito interessante (você pode pensar: “o que esse idiota está dizendo? Uma tira É como uma piada!”. TE respondo que nem sempre uma tira é feita para servir de piada, às vezes, ela é uma série até mesmo séria, com continuidade e tudo o mais. Ahhh, aposto que você já sabe disso tudo, mas deixo registrado assim mesmo) porque você sempre ri lendo suas histórias. Nesta edição por exemplo, há três HQs que formam três piadas. Uma delas, foi fatalmente baseada em fatos reais. A quarta é a única fora desse contexto. Mas também divertida, ao brincar com a cultura pop.
Paulo Miguel dos Anjos nos traz mais desventuras de seu Benjamim Peppe, um cara bacana que geralmente está envolvido com esportes. Já li HQs onde ele se mete a ser surfista ou jogador de basqeute. Desta vez, ele está num racha de futebol.
Fábio Turbay desenha muitíssimo bem. E também é criador de um (acredito eu) casal, chamado Beto & Bia. Não li muita coisa a respeito, mas o casal é bastante divertido e Turbay sabe brincar com seu talento no traço, tirando resoluções em seus roteiros com isso. Excelente mistura de talentos.
Milson Henriques – cuja introdução da revista nos informa que ele já produzia histórias de Marly, A Solteirona desde os anos 1970 – aqui nos brinda com várias tiras da divertida solteirona, formando uma grande “saga”. É muito engraçada e ficamos aqui aguardando pelo retorno da personagem e de seus coadjuvantes, como Creuzodete, por exemplo.
Jeferson Adriano é mais conhecido com seu zine, o Mundo Alvino. Sempre enfocado no drama, mas sem esquecer um pouco do humor, Jeferson mostra uma bacana história de amor, com um final… bom, tem que ver para acreditar, heh!
E finalizando a edição, Marcelo Rodrigues, numa HQ de uma página com Mique Jegue, onde podemos ver que a vida não está fácil pra ninguém.
Um último parabéns a todos os envolvidos, e também à Jupiter II por mais um excelente lançamento, apresentando talentos de todas as regiões do Brasil.
Patacoada # 1 tem 32 páginas, capa color, formato 21,0 X 15,5cm e preço de capa: R$ 3,00. Mais detalhes, pelo e-mail.
* NANQUIM DESCARTÁVEL # 1 E 2 Daniel Esteves é um excelente roteirista. Ele criou um universo, onde jovens livres e desimpedidos, acabam-se tornando impedidos e presos por suas próprias convicções. Ju e Sandra são duas belas amigas, que moram juntas e trabalham em conjunto, com histórias em quadrinhos. Sempre em busca da história perfeita, elas se envolvem em várias situações inusitadas. Até por ser a roteirista da dupla, Ju acaba sendo um pouco mais a voz do autor, ora ácida, ora filosófica. Há drama também, paqueras, neuras e tudo o mais. Além da narrativa acima da média, outro ponto bastante alto de Nanquim, são os desenhos. Wanderson de Souza, Wagner de Souza, Júlio Brilha, Alex Rodrigues, Mário Mancuso, Bira Dantas, Carlos Eduardo e Mário Cau brilham nas páginas das revistas. Acredito que consiga atingir em cheio, principalmente os fãs de Estranhos no Paraíso e das HQs de Fábio Moon e Gabriel Bá.
Nanquim Descartável # 1 tem 32 páginas, capa color e formato americano. Nanquim Descartável # 2 tem 36 páginas, capa color e formato 25,0 X 16,0 cm. Preço de capa: R$ 5,00 cada. Mais detalhes, no site ou pelo e-mail.
* PENITENTE # 2
Continuando a saga do morto-vivo Penitente que, numa espécie de regra de três, precisa encaminhar pro inferno o número de almas que matou (em vida) multiplicado por setenta vezes sete. E ele fará isso da forma mais sangrenta possível. Isso ficou evidente nas duas edições do peronagem, lançadas até agora.
Penitente # 2 tem duas histórias. O primeiro time é composto por dois dos mais talentosos artistas independentes do quadrinho brasileiro: Edvânio Pontes e Israel Gusmão. Edvânio é um puta roteirista e escreve violência como, sei lá… Garth Ennis? Acredito que sim! Fã ele é porque já me confessou isso. Já Israel é um artista de mão cheia, que desenha de forma impressionante e com ecletismo ímpar. Além de outras coisas, Israel está capitaneando a revista bimestral Ultra L.I.N.s, uma equipe de jovens super-heróis, protetores da Amazonia, entre outros segmentos da ecologia.
Partindo pra história, a dupla nos apresenta um ritual macabro sobre sacrifícios, com revelações macabras.
A segunda história, mais curta, é escrita pelo criador do personagem,. Lorde Lobo e ilustrada por Nel Angeiras, outro grande artista. É meio perturbadora, mas acredito que essa seja a idéia de Lobo. A parte gráfica é impecável.
Lorde Lobo está lutando para manter certa periodicidade e cronologia na revista. Na seção de cartas há uma questão interessante sobre histórias longas ou curtas. Na edição de estréia, Penitente apresentou duas histórias crutas, com aproximadamente cinco páginas cada. Nessa, a primeira é um pouco maior, com doze e a segunda, duas páginas. É interessante essa dicussão porque o ideal seria criarmos histórias grandes, onde há espaço para desenvolver melhor os personagens, apresentar suas motivações, etc. No caso de Penitente, até por ser uma revista seriada, acredito que no decorrer das edições, mais do personagem será apresentado. Mas de certa forma, não há taaanta necessidade porque acredito eu, a idéia de Lorde Lobo seja fazer do personagem uma espécie de Jason, aquele da série Sexta-Feira 13, onde a motivação do cara é matar. No caso do Penitente, o quanto antes ele atingir sua regra de três, mais rápido ganha a redenção.
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