Assistimos a alguns filmes bastante interessantes nos últimos dias, com belo destaque para a Netflix, pois havia um bom tempo que não disponibilizava produções novas, exclusivas e ótimas. Vamos lá:
FUJA
Direção: Aneesh Chaganty.
Com: Sara Paulson, Kiera Allen.
O filme começa com Diane Sherman que, após dar à luz, vai até à incubadora velar por seu bebê, fraquinho e bem magro. Ela chora, num misto de apreensão e emoção.
Dezessete anos depois, a mesma Diane está bem, numa reunião de mães, inseguras porque seus filhos se encaminharão para a universidade, provavelmente longe delas. Diane, por outro lado, demonstra tranqüilidade, firmeza, alegando que a filha, Chloe, se preparou para esse dia desde— sempre.
Então, somos apresentados a Chloe, uma adolescente, cadeirante, que estuda em casa, muito esperta e inteligente, que realmente aguarda a carta de aprovação de alguma universidade. Porém, sempre que o carteiro passa, sua mãe está ali para recebê-lo. E essa carta universitária nunca chega.
Chloe tem a casa adaptada para si, assim pode ir aonde quiser, ou ao menos, aonde sua mãe deixa. E, embora Diane demonstre ser uma mãe presente e dedicada, sempre há uma dúvida sobre suas intenções.
Até que, num belo dia, enquanto procurava doces nas compras que sua mãe acabara de fazer, Chloe descobre novos remédios; para a mãe. À noite, a mãe lhe dá essas pílulas, o que deixa a adolescente com a pulga atrás da orelha.
Ela, então, tenta pesquisar sobre tais pílulas e descobre que está sem internet – ela não tem smartphone.
À medida em que tenta descobrir mais a respeito do medicamento, a impressão que temos é que mais as informações lhe são negadas.
Porém, não subestime a obstinação de uma adolescente; e ela se supera para solucionar o mistério. Inclusive uma ida ao cinema.
Conforme o filme passa, o abismo entre mãe e filha vai aumentando e você tem a exata noção de que é algo irreconciliável.
E quanto a Diane— ela se mantém tranqüila por quase o tempo todo; uma certa frieza, podemos assim dizer.
Dizer mais é estragar as surpresas de um filme muito bem escrito e amarrado, que ter faz ficar preso[a] ao sofá até ao fim. Você sabe que há algo errado e quer saber exatamente o quê.
E Fuja entrega exatamente isso. Embora o nome seja bastante genérico, talvez tentando pegar o hype de Corra!, mas são produções distintas.
Vale também comentar que a atriz Kiera Allen é de fato cadeirante e faz um grande trabalho.
NOITE NO PARAISO
Direção: Park Hoon-jung
Com: Tae Goo-eom, Yeo-bin Jeo, Seung-Won Cha.
Tae-Gu é membro de uma máfia coreana e parece estar em crise. No trabalho, está sendo assediado por outro grupo; a irmã tem uma doença terminal, o que fatalmente deixará sua sobrinha órfã; e seu chefe tem alguns planos em mente.
Enquanto conversa com a irmã pelo telefone, a ligação cai. E na cena seguinte, vemos um acidente automobilístico e Tae-Gu sentado ao meio-fio observando a movimentação.
Perdendo a irmã e sobrinha numa só ação do destino, Tae-Gu é visitado pelo chefe no velório e desconfia que o homem que tentou leva-lo para o outro lado é talvez o mandante do suposto acidente.
Cego pelo ódio, Tae-Gu aceita a missão de vingança.
Após a conclusão do ato, o chefe orienta Tae-Gu a ir para Vladivostok, na Ucrânia, onde há células de sua máfia por lá e assim ele poderia descansar a cabeça por um tempo. Antes do destino, porém, ele fará uma parada rápida na ilha Jeju, a maior ilha da Coréia do Sul, para desaparecer. Lá, ele conhece um colega de seu chefe, um mercador de armas que, frequentemente recebe o mesmo cliente que lhe faz as mesmas perguntas: por que ele está juntando tanto dinheiro? É uma lição para todos nós; desconfie sempre com as perguntas feitas e quem as está fazendo. Nunca se sabe.
Enfim, como o mercador estava ocupado e não poderia buscar Tae-Gu no aeroporto, ele manda sua sobrinha – aparentemente uma moça maluca e mal-humorada.
Com o passar dos dias, Tae-Gu percebe que há algo mais e descobre que a garota, tal qual sua irmã, está vivendo com uma doença que a está matando. E, se for para os EUA, terá uma leve subida de chance de vida.
Tae-Gu demonstra não querer se aproximar muito, provavelmente para não reviver tudo de novo.
Porém, em Seul, seus problemas só aumentam, uma vez que seu chefe esta acuado, pois mordeu mais do que poderia engolir e agora seus inimigos estão em seu encalço. Medroso, para não dizer cagão, o homem procura um policial corrupto para intermediar uma negociação que livraria seu pescoço.
E aí, entra em cena, o líder da máfia antagonista a ele, Diretor Ma, interpretado por Seung-Won Cha – a melhor coisa do filme. Ma não se intimida nem pelo policial ameaçando sua liberdade; ele dispara sua ameaças e desprezos com maestria.
Então, como o chefe de Tae-Gu é um covarde, joga o subordinado aos leões para livrar o próprio pescoço.
Alheio a tudo isso, Tae-Gu recebe a ligação do chefe que lhe avisa que o acompanhará até Vladivostok.
Tae-Gu e Jae-Yeon, a garota maluca, começam a se aproximar e após um tiroteio são obrigados a fugir para um hotel nos arredores.
Enquanto isso, seu chefe chega. E ele descobre que foi traído.
O maior destaque em Noite no Paraíso é a direção de Park Hoon-jung; fantástico nos posicionamentos das câmeras, com pontos de vistas muito interessantes, ora com a câmera grudada no chão, ora se rendendo à beleza da paisagem; trilha sonora também é um achado, com muitos violinos e música clássica. As cenas de ação são muito bem orquestradas e há uma perseguição automobilística que é de cair o queixo. E Seung-Won Cha rouba o filme para si; excêntrico, egocêntrico e ardiloso, transforma seu Diretor Ma num vilão que todos gostam de odiar.
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