O filme ainda não estreou no Brasil e – pela fraca recepção nos EUA – pode ir direto pro DVD. Mas eu consegui assisti-lo [não me perguntem como, por favor].
Dirigido por Edgar Wright, de Todo Mundo Quase Morto e Chumbo Grosso, a história mostra o desocudado [numa fase entre a saída de um emprego para a entrada noutro, como o próprio diz] Scott Pilgrim, inseguro e com medo dos relacionamentos, devido a um chute que levou da antiga namorada, \”namorando\” uma garota chinesa de 17 anos. Porém , sua vida muda quando ele conhece Ramona Flowers, garota misteriosa, que acaba por tomar seu coração. Aí ele se vê obrigado a enfrentar os sete ex-namorados do mal de Ramona para ficar com ela.
Li no Omelete que enfrentar os sete ex-namorados da sua namorada é uma metáfora que todo o jovem que quer ser macho alfa [esquisito] acaba enfrentando. Tem sentido. Porém, no filme…
No filme, a coisa é diferente.
Sempre defendi que um filme não pode ser autoexplicativo, ou ter muletas [histórias à parte, contando origens e outros detalhes]. É preciso fazer a plateia pensar, quebrar a cabeça para tentar captar aquilo que seus realizadores quiseram dizer.
Mas com Scott Pilgrim, foi difícil para mim. E tenho dois motivos para isso:
1. O filme não foi feito para pessoas da minha idade – embora o diretor tenha 36.
2. E impossível se identificar com o protagonista da história, tamanha falta de carisma do ator Michael Cera.
E aproveitando esse gancho, o filme geralmente \”rende\” quando a intérprete de Ramona, Mary Elizabeth Winstead, está em cena [muito, muito bonita e charmosa] ou quando Kieran Culkin [o amigo gay de Pilgrim] e Jason Schwartzman aparecem para roubar o filme.
De resto, é tudo muito arrastado e chato. Alguns diálogos são muito bem construídos e os efeitos fantásticos. Mas a história naufraga justamente por ter soluções muito pobres.
Por exemplo, a participação de Chris Evans [deprimente, deprimente] é ridícula. Pilgrim o vence através de sua vaidade. Legal. Mas no filme, nem tanto. Primeiro porque Evans está velho demais para ser um skatista, com uma barbicha esquisita e expressão medonha. Mas ele pensa que está arrebentando.
Outro \”super-herói\”, Brandon Routh [o ex-Super-Homem] chega a ser ameaçador quando está com seus poderes ativados. Mas inexpressivo demais, esquisitão demais. O cara não consegue convencer de que quer mesmo acabar com o herói do filme. E sua derrota, através do narcisismo, é a mais tosca de todas. Haveriam um milhão de saídas ali, mas os produtores optaram pela pior, como num filme C, ou um terrir [quando tentam fazer um filmaço de terror, percebem não ter grana suficiente, mas já estão na metade do caminho. Aí resolvem ganhar o público não se levando mais a sério, como os antigos Sexta-Feira 13, parte 7, 8…].
Aliás, como esses \”astros\” são baratos. Chris Evans será o Capitão América! A Marvel deveria levar essas participações dele nesses filmes em consideração. É uma participação mais idiota que a outra. Evans não tem o talento do Nicolas Cage. Não tem o carisma de um John Travolta de antigamente. Mas ele pensa que tem! E dá-lhe interpretações pobres, participações idiotas, em personagens que têm a metade da idade dele.
Brandon Routh deveria mudar de empresário. Só entra em roubada. O cara teve a chance de encarnar o maior super-herói da DC. Além de forte, o Super é um cara inteligente. Ele se disfarça de Clark Kent, às vezes até se faz de bobo, mas ele sabe o que está fazendo. Agora, ser o fortão do pedaço é mole. Qualquer um fica bombado e se torna o maioral. Schwarzenrgger, Dolph Lundgren, Dwayne Johnson, Vin Diesel… a lista é imensa.
Ator de verdade, que mostra como deve ser um grande vilão é Jason Schwartzman. Esse cara arrebenta como Gideon Graves. Aliás, foi o personagem com quem mais me identifiquei. Primeiro porque ele é o ÚNICO que está ouvindo uma música realmente boa [Under My Thumb, dos Rolling Stones] e tem um plano.
É isso. Não sou um dos caras da SET [que nem existe mais] ou do Omelete, então não espere uma resenha certinha aqui. Mas se você quer uma resenha bem feita, até com uma outra opinião, clique aqui e leia. Eu li antes e não concordei muito. Mas cada um é cada um. Tem gente que gostou até do final de Lost.
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