Você provavelmente deve saber da briga judicial entre as famílias dos criadores do Super-Homem e a DC Comics pelos direitos do personagem.
Jerry Siegel e Joe Shuster criaram o Super lá atrás, em 1938, vendendo-o para a editora em troca de um emprego. E conseguiram.
Enquanto a criação seguiu seus passos \”pro alto e avante\”, ganhando títulos e títulos [geralmente são quatro revistas mensais, dedicadas a ele], séries na tv, no teatro, referência em músicas, filmes de sucesso nos cinemas e assim por diante… os criadores trilharam o caminho oposto. E morreram na miséria.
Agora, parece que as famílias terão algo para comemorar.
Will Eisner, por outro lado, quando criou Spirit, não vendeu os direitos do personagem, e conseguiu ganhar uma bela grana com licenciamentos, já que o mascarado passou por várias editoras e ganhou um filme – ruim de doer, pelo que eu soube.
Lee Falk, ao criar o Fantasma, o primeiro super-herói mascarado da história, também manteve os direitos consigo e ganhou uma grana com licenciamentos e um filme – que eu acho até interessante, mas não passa disso.
Olha, geralmente eu não venho aqui falar sobre dicas para obter sucesso com quadrinhos – até porque, quem sou eu para falar isso, certo? Com exceção do Mauricio de Sousa, quem pode falar sobre HQs de sucesso no Brasil? Ninguém.
Mas quero dar minha contribuição. Um pouquinho, apenas. E só.
Se você tem planos, ambições e uma puta duma saga para contar, conte.
Escreva.
Escreva, escreva, escreva.
Mas não se esqueça de uma coisa: personagem.
Ele é a sua bússola. É ele quem deve se manter sempre à margem de tudo. Sempre.
Arthur Conan Doyle tinha seu personagem maior: Sherlock Holmes.
Agatha Christie também: Inspetor Poirot.
Stephen King não tinha. Mas pela forma que escrevia e por tantas histórias diferentes, convenhamos, ele não precisava.
Mas nós precisamos. Você e eu.
Quando você pensa em Ziraldo, o que te vem à mente? Menino Maluquinho.
E Maurício de Sousa? Mônica, Cebolinha, Cascão.
Agora, pensemos noutro gênio dos quadrinhos: Flávio Colin. Algo lhe vem à mente, além daquelas maravilhosas páginas em 2D?
E Shima, com suas criativas experimentações?
Mas o que Shima e Colin têm de diferente dos outros dois acima citados?
Pra mim, têm até mais talento artístico. Mas lhes falta[ram] exatamente os benditos personagens, que talvez poderiam estar aí, sendo publicados, licenciados e gerando dividendos a seus criadores.
Veja, nós estamos na era da multimídia. Cinema e quadrinhos convergem entre si, junto com música, games e internet.
É preciso pensar nisso na hora de criarmos um personagem.
Quer um teste? Lá vai.
Mesmo Delivery. De cabeça, você lembra o nome do protagonista da história? Ou de algum outro personagem?
Ou dos Gêmeos lá, você lembra o nome de algum personagem deles?
Ou mais ainda: quando pensa em Alan Moore, você lembra de quê? WAtchmen, V de Vingança, Liga Extraordinária, Do Inferno… quais desses são criações do Moore?
Personagem, meus amigos. Podem não levá-los a lugar algum.
Mas por outro lado, podem lhes levar a todos os lugares.
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