Em 2006, o SBT trouxe para o Brasil o reality show, American Idol, que buscava o novo Ídolo da música.
Batizado por aqui como Ídolos, o programa foi um imenso sucesso.
Então, surgiu a ideia: e se houvesse um reality show que buscaria o novo Superídolo!? O [ou A] super-heroi[na] do século 21 no Brasil?!
Assim surgiu a saga Superídolos.
Nessa época, havia um fanzine, multipremiado e que fazia muito sucesso pelo circuito dos quadrinhos independentes: Manicomics!
Manicomics fez história e deixou muitas saudades - inclusive, esse que vos escreve tem o orgulho de fazer parte dessa história vitoriosa; embora eu tenha chegado na última edição, quase participei de muito mais.
Ficou no quase.
JJ Marreiro era o editor-chefe na época e levei essa ideia a ele: a criação de um reality show em quadrinhos que objetivasse na elevação do Super-heroi[na] do século 21: o SuperÍdolo!
JJ adorou.
Então, convidei um outro amigo para me ajudar no enredo, porque eu não queria me divertir sozinho: Gerson Witte.
Gerson e eu nos conhecemos em 2004/05 quando participamos de outro zine, Areia Hostil. Ficamos muito amigos e bolamos várias histórias.
Então, era natural que ele estivesse junto comigo nessa.
Gerson vem da escola Carl Barks de quadrinhos e seu estilo de humor único casava muito bem com o que eu tinha em mente.
Nossa ideia era utilizar todos os personagens clássicos dos quadrinhos super-heróicos brasileiros e mostrá-los como se já fossem veteranos, em busca de novos valores - algo semelhante com o que vemos noutro reality atual, The Voice Brasil.
Escolhemos quatro jurados - Capitão 7, Raio Negro, Myrza e Judoka - e partimos para a trama que envolveria todo esse torneio.
Algumas situações inusitadas encontradas: o fanzine era no formato A5, ou seja, uma folha de papel sulfite dobrada no meio, por isso tudo ficava menor; mas Gerson e eu enfiávamos diálogos e mais diálogos. Obviamente, isso virou um desafio para o grande artista que assumiu a empreitada desenhar a história, Ronaldo Mendes. No entanto, ele conseguiu entregar páginas maravilhosas - que você vê no decorrer dessa matéria.
Usamos alguns personagens meus, outros do Gerson e mais outros de velhos amigos que não se importariam de nos emprestar.
Por exemplo, Lico Mota, criador da Tropa de Herois, havia concebido um personagem chamado Capitão Boa-Praça, que tenta entrar para a Tropa; como não consegue, ele se torna garoto-propaganda das Casas Buri. Lico também havia feito uma piada sobre o ex-jogador de futebol, Marcelinho Carioca, e eu achei tão genial que decidi bolar uma sequência pr'aquilo.
Todavia, uma dessas participações geraria uma saia-justa: Capitão Plim-Plim. Capitão foi criado por Edu Manzano numa HQ e seus poderes advinham exatamente da emissora de TV mais poderosa do pais. Na história de Manzano, por causa da influência da emissora, Capitão Plim-Plim tinha as portas abertas para qualquer lugar.
Agora, imagine um super-heroi da Globo se candidatando ao papel de Superídolo do SBT--- essa era justamente a ideia.
Gerson e eu discutimos muito essa ideia, até mesmo de entrar advogados na história, na tentativa de pararem o programa por causa do imbróglio.
Não me lembro exatamente a quantidade de capítulos que havíamos planejado para toda a saga, mas haviámos bolado todas as etapas, até a chegada do campeão. Sim, bolamos toda a trama e elegeríamos um Super-Idolo!
Infelizmente, o universo conspirou contra e Superídolos saiu dos trilhos.
Lembro de uma conversa com JJ, à qual ele dizia que, pela primeira vez, atuou de fato como um editor na produção de uma HQ.
Atualização¹: após algumas conversas com Gerson Witte, concordamos em publicar o primeiro capítulo de Super Ídolos - afinal já estava pronto. E como brinde, vai também o roteiro das três edições seguintes. Clique na capa ao lado e leia agora mesmo.
Atualização²: Gerson nos presenteou com essa belíssima arte para a capa da edição.
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