A banda estadunidense, Bon Jovi, havia retornado de sua pausa de quatro anos, após lançarem quatro álbuns desde o início de sua carreira de sucesso.
A estreia veio em 1984, com um álbum homônimo, cuja única música de sucesso foi Runnaway.
No ano seguinte, 7800º Fahrenheitt trouxe: Tokyo Road e In and Out of Love - esse álbum inclusive conta com um fato curioso: a canção King Of Mountain não foi composta por nenhum membro da banda. Em nenhum outro álbum, isso acontece. E a música é bem mais ou menos.
Slippery When Wet, o terceiro, de 1986 - e também um dos mais vendidos - deu início a uma parceria entre Jon Bon Jovi - o vocalista e dono da banda; Richie Sambora - guitarrista - e Desmond Child - compositor e hitmaker que se juntou aos dois para polir um pouco as canções criadas pela dupla.
A estratégia deu certo e desse álbum saíram algumas das músicas mais famosas e tocadas ad eternum pela banda: You Give Love a Bad Nome - que, segundo rumores, Jon Bon Jovi compôs em "homenagem" à então namorada de Richie, a cantora Cher e seu comportamento tóxico - Livin' on a Prayer - talvez o maior hit da banda! - Wanted Dead or Alive - histórica balada que deveria ter entrado num filme de faroeste, mas acabou fazendo parte de Caçada Sem Tréguas, que não é um filme ruim - e Never Say Goodbye - a primeira canção romântica, aquela que se você estiver apaixonado, chora tal qual uma criança.
Dois anos depois, e New Jersey demonstra o amadurecimento contínuo da banda, com uma balada ainda melhor que Never Say Goodbye: I'll Be There For You; seguida por Lay Your Hnds On Me, com uma introdução muito interessante. Bed Medicine é irmã gêmea da Somebody Give me a Doctor, do Van Halen; Born To Be My Baby, Living in Sin e Wild is The Wind foram feitas para se ouvir acompanhado. E há os achados, como Ride Cowboy Ride e Homeboundy Train.
Em 1990, Jon Bon Jovi lança seu primeiro álbum solo, Blaze of Glory, uma trilha sonora para o filme Jovem Demais Para Morrer. Segundo Kiefer Sutherland, um dos astros do filme, Jon ficou tão empolgado com o antecessor, Jovens Pistoleiros - ele, inclusive faz uma ponta, ao lado de Tom Cruise; sim, ambos são muito amigos do protagonista dos filmes, Emilio Estevez.
Ao final das filmagens de Jovens Pistoleiros, conta Kiefer, Jon sentou-se à mesa com os protagonistas do filme e começou a rascunhar algumas letras de músicas que poderiam entrar na sequência. Entre elas, Blaze of Glory. O próprio protagonista, Emilio Estevez não obtinha tamanha confiança quanto ao sucesso do longa.
É fato que o filme, que conta a saga de Billy the Kid, fez relativo sucesso e ganhou sinal verde para uma sequência. E Jon fez a trilha sonora, sendo inclusive indicado ao Oscar de melhor canção.
1992 marca o retorno da banda, com um som atualizado e músicas muito mais contundentes. É fato que os outros membros do Bon Jovi não ficaram felizes em saber que seu vocalista havia lançado um álbum solo e fez muito sucesso. E, justamente por isso, trataram de fazer um trabalho ainda melhor.
Keep the Faith que marca a volta da banda deveria ter sido um álbum-duplo, mas acabou não acontecendo, principalmente pelo enorme trabalho nas composições. Mesmo assim, com 12 canções, o disco se mostra fantástico. I Believe abre com um som totalmente diferente do que se espera de Bon Jovi. Keep The Faith, com sua introdução calcada no baixo tem muito charme. I'll Sleep When I'm Dead seria uma música certa para o Van Halen da era Lee Roth. Mas aqui, no Bon Jovi, ela se torna obrigatória em qualquer festa. Inclusive, a banda sempre fechava seus shows com esta. In These Arms é a balada para se declarar a alguém. Bed of Roses é o próximo estágio, quando você já se declarou, conquistou e agora quer dormir abraçado. If I Was Your Mother é um lado B bastante interessante. Dry County, um petardo de quase 10 minutos, composto apenas por Jon, mostra o seu amadurecimento como músico. É uma crítica social, vista dez anos depois em álbuns do Audioslave. Woman in Love, Fear e I Want You complementam o álbum, sem comprometer, mas também sem novidades. Já Blame It On The Love of Rock and You traz um Bon Jovi dez passos à frente de sua história, com um rock gostoso e envolvente. E uma espécie de miniblues Little it of Soul encerra um álbum que tinha tudo para ser o melhor. Mas eles poderiam mais.
1993 trouxe a compilação Crossroad, com duas sobras de Keep The Faith: Someday I'll be Saturday Night e Always - o hit que fez a banda chegar ao Top #1 de todas as paradas possíveis! Always foi composta para entrar como trilha para o filme Sangue de Romeu, estrelado por Gary Oldman; mas Jon detestou o filme e não deixou a música entrar. Always tocou em todas as rádios do mundo ininterruptamente por um ano, saindo de cena apenas quando foi substituída por outra power ballad, This Ain't a Love Song, que novo álbum da banda----
These Days, o momento máximo da carreira de Bon Jovi! Simplesmente isso.
Com um som à frente de Keep The Faith, These Days nos mostra até onde a banda pode chegar!
Críticas sociais afiadas, muita guitarra e som bastante pesado, Bon Jovi consegue trazer um These Days em alto nível - e bom som!
Hey God é exatamente o tipo de som pesado, com letras afiadas que estou falando. Abre o álbum com maestria e vontade de seguir nesse ritmo até o fim.
Something for The Pain flerta com o pop, mas puxa o freio quando parece querer ir longe demais. A música volta para o que o álbum promete.
This Ain't a Love Song talvez seja a melhor balada que a banda já criou nesses 40 anos de história. Talvez não tenha conseguido suplantar Always em termos de paradas hits, mas é muito mais potente, sonora e linda.
A faixa-título é mais um atestado da maturidade na escrita do trio, Jon, Richie e Desmond, trazendo uma história sobre guetos, morte e dramas.
Lie to Me é aquela canção para você enviar para a pessoa amada em último caso, quando tudo já está perdido mesmo e você aceita a pessoa de qualquer maneira; ela nem precisa gostar de você.
Damned é difícil de se apreciar de início porque, apesar de ter uma bela sonoridade, a canção custa a te convencer de que vale a pena ouvi-la de novo. Mas, uma vez derrubada essa muralha e você a ouvirá o tempo todo.
My Guitar Les Bleeding im my Arms é uma introspecção metafísica, um colóquio quando um personagem fala consigo mesmo.
[It's hard] Leting Yu Go é a continuação de Lie to Me quando as coisas dão errado.
E talvez a melhor trilha sonora para uma separação seja Hearts Breaking Even. Posso dizer tranquilamente que essa foi a música que melhor me pegou quando ouvi o álbum pela primeira vez, há quase trinta anos - é, ano que vem, These Days comemora três décadas!
Something to Believe In chega a ser até mesmo corajosa quando põe tantas coisas em dúvida.
If That's What It Takes deveria estar no hall das melhores músicas da banda facilmente. A música é agradável demais de ouvir, com uma sonoridade única e letra sedutora.
Em algumas versões temos o outtake All I Want I Everything - que é exatamente o que diz o título: uma música ambicionária para pessoas ambiciosas ficarem cantando o tempo todo.
E fecham-se as cortinas com Diamond Ring, uma balada sobre casamento - há outra que não entrou no álbum, chamada Wedding Day, que faria uma bela dupla com esta.
Bitter Wine é outro outtake, num ritmo único e muito delicioso para se ouvir acompanhado, tomando um drinque com aquela pessoa especial.
These Days é nota 10 porque você pode ouvir sozinho[a], com amigo[a]s e com a pessoa especial.
Infelizmente, nem tudo foi flores na carreira da banda e a turnê - eles viajaram junto com Ugly Kid Joe e Van Halen - apesar de ter sido vencedora, passando inclusive pelo Brasil em 1995, deixou muitas marcas.
Após a turnê, a banda se separou novamente.
Dessa vez, além de Jon ter lançado um novo álbum solo, Destination Anywhere, o guitarrista Richie Sambora e o tecladista David Bryan também lançaram os seus. O baterista Tico Torres, por outro lado, se dedicou às artes plásticas.
Cinco anos após a separação, a banda voltou com Crush. Mas, infelizmente, as rusgas do passado não foram superadas. Jon Bon Jovi trouxe consigo um álgum praticamente pronto, cujo nome seria Sex Sells - e seria lançado em 1999. Mas as negociações e disputas internas fizeram o álbum ser adiado em 1 ano, a canção chamada Sex Sells deixou de existir e acabaram partindo para um título genérico, Crush - que tanto significa massacre quanto paixão.
Embora com todas as dificuldades, Crush ainda conseguiu se equiparar a outros, como New Jersey e Slippery, mas não chegava aos pés de Keep the Faith ou These Days.
Em 2003 veio Bounce - outro título genérico - que, embora tenha sido levemente reflexo do 11 de setembro, não conseguiu ser melhor sequer que o seu antecessor. Talvez apenas a faixa de abertura, Undivided, claramente influenciada pela tragédia estadunidense consiga se sobressair.
Dois anos depois e eles tentam recuperar o som de Crush em Have A Nice Day e só conseguem ser melhores que Bounce - algo bem fácil de se acontecer. E, com o álbum seguinte, Lost Highways, a banda entra no modo descida desenfreada à decadência.
These Days é um álbum único e reflete exatamente onde podemos chegar quando realmente damos o nosso melhor. O resto, apenas o que fazemos sendo medíocres.
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