Te respondo: não pode!
Acabei de ler a conclusão da saga em doze partes de Vingadores VS. X-Men – ou, AvX para os íntimos – e posso te dizer que, na minha opinião, a Marvel coloca os X-Men numa situação complicada.
Ela fez o mesmo com Tony Stark em Guerra Civil, e ele só está entre os anjos hoje, graças a seus filmes, já que nos quadrinhos, sua conduta simplesmente mudou da água pro vinho e tudo bem. De “vilão” da Guerra Civil, Tony Stark agora é o “herói” de AvX.
O vilão da vez agora é Ciclope, pois acredita que, com a chegada da Fênix, um renascimento no mundo mutante se dará.
Mas ele, embora acredite piamente, não consegue nos convencer disso, principalmente por culpa de quem escreve as histórias.
Sempre fui fã dos diálogos que Brian Bendis cria para seus personagens, porém, ele nunca consegue explorá-los, mergulhar em suas personalidades, comportamento, e fazê-los avançar.
Um bom exemplo é o Gavião Arqueiro. Ele era casado com a Harpia, uma também vingadora. Em determinado momento, eles se separam e ele começa a se envolver com a Mulher-Aranha. Todos à volta, inclusive o Capitão América, um cara que nasceu nos anos 20, aceitam numa boa, até incentivam o relacionamento. Ninguém, porém, fala nada para Harpia, ninguém a defende, ninguém fica ao lado dela.
Você sabe, com o rompimento de um relacionamento há seqüelas, há divisões e tudo o mais. Ali não, é tudo bonito, tudo certinho.
Voltando para AvX, tudo aquilo que a Marvel mostrou nos últimos 50 anos, ela jogou para o buraco nessa saga – sim, ela já vem fazendo isso há muito tempo, mas agora chegou ao fundo do poço. Namor, um ex-vingador, que sentiu orgulho de fazer parte da equipe em determinado momento [quando Roger Stern escrevia as aventuras da equipe], de repente quer acabar com seus, agora, adversários. Pantera Negra e Tempestade ficam em lados opostos à batalha e o final é o pior possível.
Wolverine toma uma posição que jamais tomaria, se ainda estivesse sendo escrito por Chris Claremont, enquanto que Magneto, um vilão de respeito, não passa de um bucha na história.
Ciclope, acredito, foi a maior vítima de todas.
Penou durante cinqüenta anos, sofrendo por ser mutante, por ser substituído por outros, mais jovens, mais carismáticos, mais bem-sucedidos; tornou-se o exemplo do “corno” nos filmes dos X-Men; casou-se duas vezes [ou três?] e se tornou viúvo as duas vezes [ou três??]; sempre foi o primeiro a lutar pelo sonho de Charles Xavier; era um líder de fato, não apenas na estratégia, ou inteligência, mas também na presença, no fato de ser agregador, de unir a equipe.
E hoje, tanto tempo depois, ele se torna a maior vítima dos planos ridículos da Marvel: unir Vingadores e X-Men.
Nunca foi preciso fazer algo assim para termos mutantes nos Vingadores. A terceira formação da equipe já vinha com os irmãos Mercúrio e Feiticeira Escarlate, ex-membros da Irmandade de Mutantes, de Magneto, o pai deles.
Depois, o ex-X-Man, Fera entrou pros Vingadores.
Um “Uncanny Avengers” só vem para mostrar o quanto nós leitores estamos buscando apenas o óbvio e não queremos mais pensar demais.
Agora vem a notícia de que os X-Men lá de trás, dos anos 60 viajarão ao futuro [os dias de hoje] e possivelmente assumirão os lugares daqueles que já não estão mais entre nós.
Repetindo: isso já foi feito com Tony Stark.
Lamentavelmente não tem mais graça ler quadrinhos da Marvel, ou da DC, pois a política de expansão [leia-se cinema] faz com que o que acontece nas séries em quadrinhos pouco tem de importante, já que ano que vem tudo pode mudar de novo.
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