Ele só não contava com o contragolpe da Discovery, atual dona da Warner, que é dona da DC.
James Gunn e Chris Saffron foram empossados como os novos picas-grossas do DCEU e com isso partiria deles toda e qualquer decisão acerca dos filmes vindouros da editora.
Porque, se dependesse de Johnson, o Snyderverso estaria de volta, intacto. Falamos sobre isso aqui.
Mas, vamos lá: em meados de 2007, o diretor Peter Segal foi convidado pela New Line, estúdio independente até aos anos 90, comprado pela Warner após os sucessos da O Senhor dos Aneis, a desenvolver um filme do Capitão Marvel [agora conhecido como Shazam!] e estendeu o convite ao amigo, Johnson, com quem havia trabalhado em Agente 86 - que é ótimo! - para interpretar o protagonista [um menino chamado Billy Batson que, quando diz a palavra Shazam!, torna-se o mortal mais poderoso do mundo]. Johnson não se entusiasmou, pois acreditou que seria um personagem "bobo" e preferiu interpretar o vilão, Adão Negro.
Assim, um roteiro foi desenvolvido e o astro de Jungle Cruise, percebeu ali a oportunidade de se fazer não apenas um, mas dois filmes: um concentrado em Batson e outro em seu algoz, Adão Negro.
A partir daí, as coisas foram cada vez mais se distanciando e os filmes se tornaram mais e mais distintos. Shazam! saiu de fato, estrelado por Zachary Levi, e agora, Adão Negro ganha seu próprio filme.
O problema é: para quem é fã ou está familiarizado com os personagens, até faz sentido, mas para os desavisados, chegar ao cinema e ver um cara que nada tem a ver com Billy Batson, gritar Shazam! e ganhar poderes---- parece simplesmente um plágio.
É claro que tudo poderia ser resolvido se o próprio Zachary e seu Capitão Marvel aparecesse para enfrentar Teth-Adam, fazendo as referências funcionarem - como ocorrido em Dr. Estranho no Multiverso da Loucura. Mas falando em loucura, parece que isso acometeu o ex-The Rock, que decidiu ser megalomaníaco e apostar num personagem obscuro, mas ao mesmo tempo trazendo a pior Sociedade da Justiça já vista!
O que o astro tentou fazer foi marcar território e tentar pegar o lugar que Zack Snyder deixou quando saiu da Warner e foi para a Netflix. Johnson queria ser o novo arquiteto desse universo, resgatando inclusive Henry Cavill, com seu Superman cheirando a naftalina. O que não faz o menor sentido, em termos artisticos, mas, financeiros, faz e muito.
Adão Negro conta a história de Teth-Adam, um escravo sumério que viveu em 2500A.C. - que no filme foi substituído por 2500 Anos antes dos tempos atuais; lembre-se Antes de Cristo e Depois de Cristo são passagens de tempo e estão na história. São fatos! Não tem nada a ver com religião; mas, parece que a cada dia que passa, mais e mais Aleister Crowley consegue seu intento - e precisou se levantar contra um déspota que queria encontrar um minério raro e valiosíssimo e para isso venderia a própria mãe; e entregaria!
Como estava cansado de tanta sanguinolência, mentira e papagaiada vinda do ditador, o mago Shazam! tratou de encontrar seu campeão. Assim, surgiu aquele libertaria o modesto país chamado Kahndaq das mãos de um opressor.
Cinco mil anos depois, e o campeão está de volta quando uma família está em perigo.
Kahndaq continua escravizado - porém agora de uma forma diferente - e quando a oportunidade de liberdade bate à porte, eis que surge a Sociedade da Justiça para estragar tudo e manter as coisas como estavam no meme mais caro da história do cinema.
Afinal de contas, é muito irônico ver um alienígena thanagariano - Gavião Negro - usar seus recursos e tecnologia para ser pau mandado do governo dos EUA - Amanda Waller - e convencer ainda um demônio no corpo de um idoso - Pierce Brosnan - uma adolescente cujos poderes vieram de um sequestro e um jovem pateta que interpreta um Paul Rudd, só que um pouco engraçado.
Obviamente que não havia a menor necessidade de apresentar a Sociedade da Justiça de uma forma tão esquálida; já que Waller estava à frente da operação o tempo todo; então, que tal mandar os pesos pesados do Esquadrão Suicida para peitarem o Adão logo de uma vez? Por exemplo, no lugar de Gavião Negro, eles poderiam ter escalado o mesmo ator, Aldis Hodge, porém interpretando Shade, o Mutante - um policial de outra dimensão chamada Meta, que cai na nossa realidade quando é acusado de um crime que não cometeu. O problema é que para fugir ele rouba o metatraje que lhe dá a capacidade de se proteger com um campo de força mutável, além de se defender também. Shade fez parte do Esquadrão Suicida nos quadrinhos, numa fase muito boa.
Pierce Brosnan poderia interpretar Conde Vertigo, um lorde, que foi deposto de seu pais natal, Vlatava. Ele é capaz de disparar um efeito Vertigo, que desorienta seus oponentes. Além disso, Conde Vertigo é um dos personagens mais inteligentes do universo DC.
Quintessa Swindell e Noah Centíneo poderiam trocar de capacidades; ela poderia interpretar a vilã da Mulher-Maravilha, Giganta e fazer todo o estrago que o Esmaga-Átomo fez e Noah poderia ser o fracassado Dr. Luz, o covarde e meio que pedófilo vilão que morria de medo de enfrentar herois adolescentes.
Além deles, quem sabe uma ponta de John Cena como Pacificador?
Ou o próprio Capitão Marvel como convidado especial, num esquenta para Shazam! Fúria dos Deuses?
Teria ficado muito mais interessante e familiar.
Porém, amarrando Adão Negro, Amanda Waller, Sociedade da Justiça e Superman, Johnson manteria em forma seus planos de universo expandido.
Mas, de nada adiantou; Henry Cavill já foi desligado do papel de Super; Mulher-Maravilha 3 perdeu sua diretora e subiu no telhado; todos os próximos filmes da DC deverão ser cancelados ou rebootados, com o universo recomeçando do zero.
Assim, dificilmente nós veremos um Adão Negro 2 ou Superman vs. Adão Negro como o astro tanto sonhara.
Para piorar, Adão Negro não deu lucro, enterrando de vez todo esse emaranhado que começou em Homem de Aço, de 2013.
Com um roteiro péssimo - muito parecido com o Samaritano, estrelado por Sylvester Stallone inclusive em seu plot-twist - Adão Negro flerta com a ideia do imperialismo absurdo e inconsequente vindo da América, que fecha os olhos para tudo, menos quando aparece alguém que pode lhe causar resistência. Porém, a ideia se perde em diálogos toscos e ideias chupinhadas de Exterminador do Futuro 2, De Volta para o Futuro e até mesmo A Múmia.
Dwayne Johnson que nunca foi grande ator, tenta criar um personagem diferente, mais sério e violento; porém, passa mais a impressão que é um chato mesmo.
Além disso, é bastante interessante perceber como o mundo do cinema mergulhou no simbolismo; até a "mão piramidal", frequentemente vista nnos shows e clipes de Jay-Z, Beyoncé e Madonna, aparece no filme. Seria o pedágio pago por Johnson, que é produtor do filme, para se manter influente? Afinal, ele se propôs a ser o astro mais influente do mundo quando deixou o ramo da Luta Livre.
Bem, não será com Adão Negro que ele chegará a algum lugar.
Também não será com Jungle Cruise, Jumanji, Velozes e Furiosos, Alerta Vermelho, San Andreas 2, Jungle Cruise 2----
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